LUSOFONIAS – Largar o sofá e entrar em campo!

Tony Neves

S. Paulo, na primeira Carta que escreveu aos cristãos de Corinto, quis usar uma imagem desportiva: ‘Não sabeis que os que correm no estádio correm todos, mas só um ganha o prémio? Correi, pois, assim, para o alcançardes. Os atletas impõem a si mesmos toda a espécie de privações: eles, para ganhar uma coroa corruptível; nós, porém, para ganhar uma coroa incorruptível’ (I Cor 9, 24-25). Sim, é aqui que S. Paulo mostra a diferença entre o desporto da competição e os desafios e exigências da vida cristã.

O Papa Francisco, adepto confesso da equipa de futebol San Lorenzo, na sua Argentina, tem usado muitos símbolos desportivos para chamar a atenção dos cristãos para a urgência da preparação, do empenho, da luta até ao fim, rumo à vitória.

Nas últimas Jornadas Mundiais da Juventude, realizadas em Cracóvia, na Polónia, o Papa Francisco desafiou os jovens (e nós todos) para o grande jogo da Missão. Disse:

‘Queridos jovens, não viemos ao mundo para ‘vegetar’, para transcorrer comodamente os dias, para fazer da vida um sofá que nos adormeça; pelo contrário, viemos com outra finalidade, para deixar uma marca. É muito triste passar pela vida sem deixar uma marca’. E foi mais longe: ‘Para seguir Jesus, é preciso ter uma boa dose de coragem, é preciso decidir-se a trocar o sofá por um par de sapatos que te ajudem a caminhar por estradas nunca sonhadas e nem mesmo pensadas, por estradas que podem abrir novos horizontes, capazes de contagiar-te de alegria, aquela alegria que nasce do amor de Deus, a alegria que deixa no teu coração cada gesto, cada atitude de misericórdia’. Concluiu: ‘Este tempo aceita apenas jogadores titulares em campo, não há lugar para reservas. O mundo de hoje pede-vos para serdes protagonistas da história, porque a vida é bela desde que a queiramos viver, desde que queiramos deixar uma marca’.

Mas, neste jogo da nossa vida Cristã, fala ainda mais alto a última Exortação ‘Alegrai-vos e Exultai’ (2018). O Papa convida a olharmos para muitos santos/as ‘ao pé da porta’, ou seja, gente simples que viveu a sua fé e cidadania com grande dignidade e compromisso social. Quando aborda as oito Bem-Aventuranças (Mt 5), o papa termina com uma afirmação de fé: ‘‘Ser pobre de coração: isto é santidade’ (nº70); ‘Reagir com humilde mansidão: isto é santidade’ (nº74); ‘Saber chorar com os outros: isto é santidade’ (nº76); ‘Buscar a justiça com fome e sede: isto é santidade’ (nº79); ‘Olhar e agir com misericórdia: isto é santidade’ (nº82); ‘Manter o coração limpo de tudo o que mancha o amor: isto é santidade’ (nº86); ‘Semear a paz ao nosso redor: isto é santidade’ (nº89); ‘Abraçar diariamente o caminho do Evangelho mesmo que nos acarrete problemas: isto é santidade’ (nº94). E, para completar, o Papa recorda que não é possível cumprir Mt 5 sem Mt 25, onde surge a parábola do Juízo definitvo: ‘no capítulo 25 do Evangelho de Mateus (…) encontramos precisamente uma regra de comportamento com base na qual seremos julgados’ (nº95).

Ousemos entrar em campo, calçar as chuteiras da vida e jogar com os valores gravados nas páginas dos Evangelhos. A coroa da glória será nossa, será de todos!

 

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Agência ECCLESIA

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