LUSOFONIAS – I Jornada Mundial das Crianças

Tony Neves, em Roma

O Dia Mundial da Criança comemora-se a 1 de junho, em diversos países, incluindo Portugal, Angola, Moçambique… Foi celebrado pela primeira vez em 1950 por iniciativa das Nações Unidas, com o objetivo claro de chamar a atenção para os problemas que as crianças então enfrentavam. Nesse dia, os Estados-Membros reconheceram que todas as crianças, independentemente da raça, cor, religião, origem social, país de origem, têm direito a afeto, amor e compreensão, alimentação adequada, cuidados médicos, educação gratuita, proteção contra todas as formas de exploração e a crescer num clima de Paz e Fraternidade. Mas há que dizer que, para a ONU, o dia oficial é 20 de novembro, data em que no ano de 1959 foram aprovados pela Assembleia-Geral da ONU os Direitos da Criança. Mais tarde, a 20 de novembro de 1989, foi adotada pela Assembleia-Geral da ONU a Convenção dos Direitos da Criança.

Sempre inovador, o Papa Francisco também quis pôr o mundo a olhar para a infância e lançou a I Jornada Mundial das Crianças, marcando-a para o Vaticano a 25 e 26 de maio. Em jeito de preparação, publicou, a 2 de março, uma mensagem para esta Jornada. Pediu às crianças: ‘não esqueçais quem dentre vós, embora tão pequeno, já se encontra a lutar contra doenças e dificuldades, no hospital ou em casa, quem é vítima da guerra e da violência, quem padece a fome e a sede, quem vive na rua, quem é forçado a combater como soldado ou tem de escapar como refugiado, separado dos seus pais, quem não pode ir à escola, quem é vítima de grupos criminosos, das drogas ou doutras formas de escravidão, dos abusos’.

A celebração, a 25 e 26 de maio, encheu de colorido Roma, apresentando um programa rico e diverso, muito criativo, com a participação de milhares de crianças vindas de 101 países, incluindo os que estão em guerra ou com grandes dificuldades económicas: Afeganistão, República Democrática do Congo, Etiópia, Eritreia, Síria, Moçambique, Ucrânia, Rússia, Líbano, Uganda e Terra Santa estão entre as largas dezenas de países que enviaram crianças.

O primeiro dia teve como lugar inicial de encontro a ‘Aldeia das Crianças’, construída no Foro Itálico, junto ao Estádio Olímpico de Roma, sempre a rebentar pelas costuras, com muitos milhares de crianças em festa. À tarde, as crianças entraram no Estádio, assistiram a um início de ‘jogo de futebol’ e dialogaram com o Papa Francisco. Nesta grande e simbólica cidade desportiva ecoaram ainda muitos testemunhos de vida e atuaram numerosos artistas, vindos também do mundo inteiro. Com alegria e humor, o Papa interagiu com as crianças e disse-lhes: ‘Começou a aventura da JMC, Jornada Mundial das Crianças. Reunimo-nos aqui no Estádio Olímpico, para dar o ‘pontapé de saída’ num movimento de meninas e meninos que desejam construir um mundo de paz, onde todos sejamos irmãos’. E pediu: ‘ Rezemos pelas crianças que não podem ir à escola, pelas crianças que são atribuladas pelas guerras, rezemos pelas crianças que não têm comida, pelas crianças que estão doentes e sem ninguém para cuidar delas’.

O domingo encheu de alegria e cor a Praça de S. Pedro, em manhã de sol. Na curta homilia da Missa, o Papa convidou as crianças a repetir várias vezes: ‘O Espírito Santo acompanha-nos na vida’. E insistiu numa convicção: ‘somos todos felizes, porque acreditamos!’. Por fim, pediu: ‘Rezai pelos pais, rezai pelos avós, rezai pelas crianças doentes. Aqui, atrás de mim, estão muitas crianças doentes. Rezai sempre, e sobretudo rezai pela paz, para que não hajam guerras’. E o Cardeal Tolentino Mendonça continuou com a celebração da Eucaristia…

O encontro terminou com a intervenção de Roberto Benigni, um dos maiores cineastas e humoristas da atualidade. O filme ‘a vida é bela’ foi a obra que o imortalizou. Em plena Praça, junto ao Altar, ao lado do Papa, começou por saúda-lo, comparando-o à personagem de Peter Pan, ‘a Sininho, que sempre que voa deixa um rasto de luz’. Lembrou às crianças que ‘no Estado mais pequeno do mundo vive o homem maior do mundo – o Papa’! Diria – por fim – à multidão reunida ali no Vaticano que ‘ a única boa ideia que foi expressa na história da humanidade foi dita por Cristo no sermão da montanha: bem aventurados os misericordiosos!’. Jesus convida as pessoas a serem ‘profundamente boas’! Assim se combatem as dores das  pessoas. Lembrou às crianças que ‘a guerra é o mais estúpido dos pecados, suja tudo!’. Concluiu e resumiu esta Jornada Mundial: ‘a vida é Amor!’.

Tony Neves, em Roma

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Agência ECCLESIA

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