LUSOFONIAS – Francisco por terras árabes

Tony Neves

Há 800 anos, S. Francisco de Assis peregrinou pelo deserto até se encontrar com o Sultão do Egipto. Foi um dos momentos pioneiros do diálogo inter Religioso. Oito séculos mais tarde, o Papa Francisco atravessa os mesmos desertos para visitar os Emirados Árabes Unidos. Na capital, Abu Dabhi, Francisco interveio na Conferência sobre a Fraternidade Humana na Grande Mesquita, assinou a Declaração de Abu Dabhi, celebrou Missa no Estádio para 130 mil pessoas e regressou feliz ao Vaticano.

Foi uma viagem pastoral histórica e simbólica. O Papa continua a percorrer os caminhos do mundo em nome dos grandes valores do Evangelho, sempre com o coração aberto para ouvir e dialogar. Mas sempre com a boca aberta a proclamar a paz, a liberdade, o respeito pelos direitos humanos, a justiça.

A intervenção do Papa na Conferência InterReligiosa sobre Fraternidade Humana resultou de um convite especial do Grande Imã de Al-Azhar, Almed al Tayyeb. Na Grande Mesquita estiveram, lado a lado, líderes islâmicos, cristãos, judaicos, hindus e budistas. Francisco falou de paz como o outro Francisco falara há oito séculos. Insistiu na importância da liberdade religiosa, da justiça, da prática da tolerância. Condenou a violência em nome da religião, considerando-a ilegítima e injustificável. Não aceitou a lógica da corrida aos armamentos, da construção de muros, do silenciamento e marginalização a que muitos grupos humanos e minorias religiosas são condenados. E sobre a guerra foi muito claro ao dizer que ela só gera mais miséria e não resolve problema nenhum. Por isso, o Papa insistiu no fim dos conflitos armados no Iémen, na Síria, no Iraque, na Líbia.

O futuro da humanidade está numa educação aberta e integral. As Religiões jogam aqui um papel decisivo e têm a responsabilidade de ajudar as sociedades a amadurecer a capacidade de reconciliação, a visão de esperança e os itinerários concretos de paz.

Este encontro na capital dos Emirados Árabes tinha como objectivo combater o fanatismo e promover a postura mais moderada do Islão. E, para o Papa Francisco, esta visita ajudou a melhorar as relações com o mundo islâmico.

O Papa aproveitou o convite para a Conferência e estendeu a sua visita às Comunidades Católicas ali presentes. O maior estádio dos Emirados, na capital, foi pequeno demais para acolher as mais de 130 mil pessoas que participaram na primeira Missa presidida por um Papa nas Arábias. Os cristãos são 12% da população, mas são todos estrangeiros, vindos das Filipinas, da Índia e de diversos países africanos.

O Papa pediu que as comunidades cristãs sejam um oásis de paz. A Paz foi apresentada como uma pomba de duas asas: a educação e a justiça. Foi uma celebração ao ritmo das Bem-Aventuranças, marcadas pela alegria de assumir um estilo de vida simples e fraterno, seguindo este ‘mapa de vida’. A alegria foi a ‘palavra-chave’, apesar das dores dos cristãos nesta região. Quase todos são imigrantes têm um futuro muito incerto, mas há que dar lugar à esperança. Estavam ali vários ritos presentes, a mostrar a riqueza da diversidade, a ‘melodia do Evangelho’, como referiu o Papa.

Na hora de regressar a Roma, o Papa Francisco voltou a insistir na convicção de que a Fé em Deus unifica, aproxima as pessoas. A partir da Fraternidade Humana – sugeriu o Papa – há que construir um mundo de Paz.

 

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Agência ECCLESIA

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