LUSOFONIAS: Estamos em Sínodo

Tony Neves

O Sínodo dos Bispos sobre os Jovens, a Fé e o Discernimento Vocacional começou aqui em Roma. E começou bem com uma Eucaristia na Praça de S. Pedro repleta de gente, com muitos jovens presentes. O Papa Francisco pediu aos ‘padres sinodais’ que superassem barreiras e preconceitos. Apresentou a escuta como palavra-chave. Lembrou que a Igreja do futuro tem de dar vez e voz aos jovens e ser capaz de lhes falar ao coração. As novas gerações não podem ser órfãos de uma comunidade de Fé que as apoie. Recordou as largas dimensões geográficas da Igreja, pedindo acolhimento para os dois Bispos chineses ali presentes.

Já na Sala Sinodal, o Papa lembrou aos 267 Cardeais e Bispos (na presença de alguns peritos, convidados e 34 jovens) o perigo de serem velhos a reflectir e a apontar caminhos de futuro para os jovens que têm outra sensibilidade e outra visão de sociedade e de Igreja. Recordou o caminho feito, o inquérito mundial e o pré-sínodo dos jovens. Os jovens consultados querem tolerância zero para abusos sexuais e económicos, mostraram divergências quanto a questões de sexualidade e liturgia e falaram ainda de temas sociais que os preocupam: desemprego, má utilização das redes sociais, pobreza, educação. É verdade: há questões complexas e difíceis que os jovens colocam à Igreja, sem soluções de catálogo.

O Papa Francisco propôs três minutos de silêncio após cada cinco intervenções. A primeira intervenção foi de uma jovem norte-americana a partilhar alegrias e dificuldades de ser Igreja hoje. Deu razão ao Secretário-Geral do Sínodo que afirmou estarem diante de um tema que é um enorme desafio, mas que não pode meter medo à Igreja.

Os primeiros tempos são de partilha dentro de muros, à porta fechada, como convém para não haver dispersão nem ruído mediático. Os debates – acredito – serão intensos com perspectivas muito diferentes, pois cada Bispo tem a sua mentalidade e vai reflectir a sensibilidade e convicções dos jovens que representa. Mas este caminho feito em comum (Sínodo) abrirá portas a uma pastoral diferente. Assim acreditam muitos jovens e é urgente para a Igreja levar por diante um ‘aggiornamento’ sobre a forma como se celebra e como se vive, enquanto cristãos.

No decurso do Sínodo, dia 14 de Outubro, o Papa vai canonizar diversas figuras da Igreja no século XX, com especial realce para o Papa Paulo VI e o Arcebispo D. Óscar Romero. São duas grandes ‘inspirações’ para a Igreja pela sua entrega de vida ao Evangelho e pelos caminhos novos que rasgaram. Serão, certamente, apresentados como modelos de vida cristã aos jovens e menos jovens.

O Sínodo ainda vai ter muito caminho para andar, mas – como escreveu Lao-Tsé – ‘a viagem de mil milhas começa com o primeiro passo’! Está dado…

 

 

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