Lusofonias – De Madagáscar à Ilha Maurícia

Tony Neves

O Papa Francisco, após a histórica e marcante visita a Moçambique, dirigiu-se às Ilhas que estão ao largo deste país lusófono: Madagáscar e Maurícia. Madagáscar tem tanto de tamanho (é uma Ilha enorme) como de desafios a enfrentar e problemas a resolver. A viagem apostólica do Papa teve alguns momentos altos, como a Eucaristia campal com milhares de pessoas e a visita à Cidade da Amizade, conhecida como Akamasoa. É um autêntico oásis de esperança num meio marcado pela pobreza extrema que gera toda a espécie de violência. O P. Pedro Opeka, missionário argentino, apostou na retirada de algumas famílias pobres que viviam na lixeira, oferecendo-lhes como alternativa o trabalho em três pedreiras onde se extraem materiais de construção. A visita a esta ‘Cidade’ congregou milhares de pessoas em festa, sobretudo crianças que cantaram e dançaram para o Papa perceber que ali há futuro e esperança. O Papa não se cansou de sorrir e abraçar, dizendo a este povo que a pobreza não é uma fatalidade e a esperança tem de ter sempre a última palavra na vida das pessoas. Esta ‘Cidade da Amizade’ foi construída com suor e lágrimas, tendo como protagonistas os próprios habitantes. O Papa falou dali para o mundo inteiro: ‘Rezemos para que se difunda, por Madagascar inteiro e em outras partes do mundo, o esplendor desta luz e possamos alcançar modelos de desenvolvimento que privilegiem a luta contra a pobreza e a exclusão social a partir da confiança, da educação, do trabalho e do empenho que são sempre indispensáveis para a dignidade da pessoa humana’.

A Ilha Maurícia é pequena e pobre, com uma história dolorosa ligada à escravatura. É hoje um espaço onde convivem fraternalmente muitos povos, religiões e culturas diferentes, mas todos – ou quase- reconhecem que o P. Tiago Laval é o pai da Nação e ‘apóstolo da unidade mauriciana’. Este Missionário Espiritano, médico de formação, ali chegou quando ainda se praticava a escravatura e dedicou a sua vida à evangelização e libertação destes povos escravizados. Ali morreu em 1864 e, desde então, o seu túmulo é local de peregrinação para cristãos, hindus e muçulmanos. Por isso, também o Papa Francisco fez questão de ir visitar e rezar junto do túmulo do P. Laval, beatificado por S. João Paulo II, com o povo a aguardar a sua canonização.

A viagem do Papa Francisco a estes três países do Índico sul (a sua 31ª Viagem Missionária) mostrou ao mundo a atenção que a Igreja quer dar às periferias e margens. Os focos de pobreza e violência têm de ser extintos em nome de uma humanidade que se quer sem fronteiras.

 

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Agência ECCLESIA

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