LUSOFONIAS – De coração a Coração

Tony Neves, em Roma

Muitos temos a experiência da segurança e confiança que nos dá e inspira o colo da Mãe. Também, nesta hora grave de uma guerra que pode degenerar na 3ª Grande Guerra Mundial, com capacidade atómica e nuclear de destruir o mundo inteiro, o Papa Francisco decidiu fazer a Consagração da Ucrânia, da Rússia e do mundo inteiro ao Coração de Maria. Olhou para a Mensagem de Fátima e escolheu o 25 de Março, data oficial da geração de Jesus no seio da Sua Mãe.

Às 17h de Roma, todo o mundo católico (e não só) estava unido ao papa Francisco que, na Basílica de S. Pedro pronunciou a Oração de Consagração. Dado o seu enorme tamanho, fiz alguns recortes:

Ó Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, recorremos a Vós nesta hora de tribulação.(…). Perdemos o caminho da paz. Esquecemos a lição das tragédias do século passado, o sacrifício de milhões de mortos nas guerras mundiais. Descuidamos os compromissos assumidos como Comunidade das Nações e estamos a atraiçoar os sonhos de paz dos povos e as esperanças dos jovens. Adoecemos de ganância, fechamo-nos em interesses nacionalistas, deixamo-nos ressequir pela indiferença e paralisar pelo egoísmo. Preferimos ignorar Deus, conviver com as nossas falsidades, alimentar a agressividade, suprimir vidas e acumular armas, esquecendo-nos que somos guardiões do nosso próximo e da própria casa comum.

(…) Por isso recorremos a Vós, batemos à porta do vosso Coração, nós os vossos queridos filhos que não Vos cansais de visitar em todo o tempo e convidar à conversão. Nesta hora escura, vinde socorrer-nos e consolar-nos.

(…) Perdemos a humanidade, malbaratamos a paz. Tornamo-nos capazes de toda a violência e destruição. Temos necessidade urgente da vossa intervenção materna. Por isso acolhei, ó Mãe, esta nossa súplica: Vós, estrela do mar, não nos deixeis naufragar na tempestade da guerra; Vós, arca da nova aliança, inspirai projetos e caminhos de reconciliação; Vós, «terra do Céu», trazei de volta ao mundo a concórdia de Deus; Apagai o ódio, acalmai a vingança, ensinai-nos o perdão; Libertai-nos da guerra, preservai o mundo da ameaça nuclear; Rainha do Rosário, despertai em nós a necessidade de rezar e amar; Rainha da família humana, mostrai aos povos o caminho da fraternidade; Rainha da paz, alcançai a paz para o mundo.

O vosso pranto, ó Mãe, comova os nossos corações endurecidos.(…). E, enquanto o rumor das armas não se cala, que a vossa oração nos predisponha para a paz. As vossas mãos maternas acariciem quantos sofrem e fogem sob o peso das bombas. O vosso abraço materno console quantos são obrigados a deixar as suas casas e o seu país. Que o vosso doloroso Coração nos mova à compaixão e estimule a abrir as portas e cuidar da humanidade ferida e descartada.

(…) O povo ucraniano e o povo russo, que Vos veneram com amor, recorrem a Vós, enquanto o vosso Coração palpita por eles e por todos os povos ceifados pela guerra, a fome, a injustiça e a miséria.

Por isso nós, ó Mãe de Deus e nossa, solenemente confiamos e consagramos ao vosso Imaculado Coração nós mesmos, a Igreja e a humanidade inteira, de modo especial a Rússia e a Ucrânia. Acolhei este nosso ato que realizamos com confiança e amor, fazei que cesse a guerra, providenciai ao mundo a paz. O sim que brotou do vosso Coração abriu as portas da história ao Príncipe da Paz; confiamos que mais uma vez, por meio do vosso Coração, virá a paz. Assim a Vós consagramos o futuro da família humana inteira, as necessidades e os anseios dos povos, as angústias e as esperanças do mundo.

Por vosso intermédio, derrame-se sobre a Terra a Misericórdia divina e o doce palpitar da paz volte a marcar as nossas jornadas. Mulher do sim, sobre Quem desceu o Espírito Santo, trazei de volta ao nosso meio a harmonia de Deus.(…). Caminhastes pelas nossas estradas, guiai-nos pelas sendas da paz. Amen’.

Que Deus, através da Mãe, nos ouviu, não tenho a mínima das dúvidas. Mas, se nós vamos abrir os corações e fazer a nossa parte, enquanto humanos, aí já as coisas podem complicar. Façamos o melhor que soubermos e pudermos, com a certeza de que Deus não falha nunca. Sejamos construtores da Casa da Paz.

 

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