Tony Neves
O Papa Francisco é uma lufada de ar fresco na Igreja. E no resto do mundo. Tornou-se, em pouco tempo, uma das raras referências mundiais. A sua voz é escutada e respeitada, o que acontece com poucos cidadãos desta nossa aldeia global que é o mundo em que vivemos.
Trouxe a simplicidade e o compromisso típicos das igrejas latino americanas. Trouxe arejamento e capacidade de diálogo com quem pensa e age diferente. Trouxe coragem para enfrentar problemas graves como os que se relacionam com os abusos sexuais e a ostentação do poder e da riqueza. Trouxe uma guerra sem tréguas a maneiras de estar na Igreja em que a autoridade é riqueza e poder e não o serviço simples aos mais pobres como viveu e pediu Cristo.
O Papa Francisco veio recordar à Igreja e ao mundo o grande valor do Reino de Deus que é a ALEGRIA. Daí que os grandes documentos do seu pontificado tenham a Alegria no coração (e no título). A ‘Alegria do Evangelho’, a ‘Alegria do Amor’, ‘Alegrai-vos e Exultai’, ‘Laudato Si’…são encíclicas e exortações apostólicas que apelam a uma vida cristã mais digna, mais simples e mais feliz. Fazia-nos muita falta esta focagem alegre.
Mas o Padre Bergoglio, filho de imigrantes, marca a agenda do mundo com um apelo constante à deslocação na direcção das periferias e das margens, onde os pobres estão a ser esmagados na sua dignidade e direitos. Fez a sua primeira viagem fora de Roma até Lampedusa para, no Mar Mediterrâneo ‘chorar por aqueles mortos que ninguém chora’, os imigrantes que arriscaram entrar em barcos sobrelotados e chegar à Europa dos seus sonhos. São muitos milhares os que morrem neste ‘grande cemitério’ de água salgada. Também o Papa Francisco redobra apelos ao acolhimento aos imigrantes que chegam à Europa ou que vivem nos Estados Unidos e são postos fora pelas políticas da actual administração americana.
Francisco apresentou ao mundo uma perspetiva ecológica inovadora: a de uma ecologia integral que comece por amar os pobres e, desta forma, olhe a natureza com muito respeito. ‘Laudato Si’ será, nos próximos tempos, o grande documento ecológico de referência para a Igreja e para o mundo.
Sim, gosto muito do Papa Francisco. O meu apoio é e será sempre incondicional. Como ele, sonho com uma Igreja feliz, simples e próxima dos mais pobres, sempre a caminhar rumo às periferias e margens, fiel a Cristo, também ele um homem periférico, no tempo e terra onde viveu.
Os ataques ao Papa Francisco mereceram resposta quase universal, desde Conferências Episcopais a Bispos nas suas dioceses. Todos não somos demais para dizer ao Papa que acreditamos no Espírito que trabalha nele e por ele para que a Igreja seja uma família aberta a todos e comprometida com os valores do Reino de Deus: a Justiça, a Paz, o Amor e a Alegria.
Até breve, Papa Francisco!