Tony Neves
O tempo das vindimas já passou e por isso, a até parece que não vem a propósito! Mas, desculpem-me, pois hoje achei por bem em pegar num dos grandes acontecimentos que ainda marcam a atualidade da Igreja: o ‘chamado’ Sínodo dos Jovens. Foi, como sabemos, sobre ‘os Jovens, a Fé e o Discernimento Vocacional’, mas quase tudo o que se disse apontou para esta idade que é importante e tem tudo a ver com o presente e o futuro da Igreja e das sociedades. O Papa Francisco, no fim, disse que ‘o Sínodo foi uma boa vindima que promete uma boa colheita!’. Vamos lá ver se assim acontece.
Começou bem este evento, pois apostou numa séria preparação que envolveu o mundo inteiro, com inquérito e muitos estudos prévios, com recurso constante às tecnologias da comunicação. Depois, na abertura, o Papa pediu muita capacidade de escuta e o abandono de emissão de juízos moralizantes que matam o diálogo e não levam a lado nenhum.
Ao longo dos dias sinodais, quis-se uma Igreja próxima dos jovens, de portas abertas, em saída missionária, sem cair na tentação das soluções antigas e de catálogo. Quis-se que o Sínodo fosse mais um caminhar lado a lado com os jovens do que um bombardeamento contínuo de críticas arrasadoras inspiradas nos ‘velhos marretas do camarote’!
Na Missa de encerramento, num ambiente distendido e feliz, o Papa Francisco foi humilde: ‘desculpai, jovens, se muitas vezes não vos escutamos. Se em vez de vos abrir o coração, vos enchemos os ouvidos!’.
A Igreja aguarda a Exortação pós-Sinodal que o Papa está a trabalhar, mas o Documento Final e a Mensagem aos Jovens já abrem muitas portas ao futuro. E não é por acaso que a sexualidade, os abusos, o papel das mulheres e dos jovens na Igreja são os temas mais discutidos deste Documento Sinodal.
Dos chamados ‘Padres Sinodais’, vou evocar declarações de três dos lusófonos. D. Gabriel Mbilingi, de Angola, lembrou que a capacitação dos jovens em África é uma enorme prioridade para a Igreja que a está a tomar muito a sério. São – diz ele – muitos os jovens comprometidos que tornam a Igreja viva e criativa. Os dois delegados de Portugal, D. Joaquim Mendes e D. António Augusto foram muito longe na sua reflexão ao concluir que, ‘sem uma aposta clara nos jovens, o Sínodo 2018 terá sido uma oportunidade perdida’.
Concluo voltando a D. Gabriel Mbilingi. Ele defende que ‘o objectivo da Igreja no futuro é encontrar maior autenticidade, maior verdade, procurando maior comunhão, maior fraternidade e solidariedade na vivência da sociedade’.