LUSOFONIAS – 25 anos a ‘lusofoniar’

Tony Neves, em Roma

Há aventuras de que se conhece o início, mas não se imagina quando será o fim. E ainda bem que assim é. É o caso deste projeto ‘Lusofonias’. Tudo começou a 23 de fevereiro de 1999, ou seja, há 25 anos certinhos! O desafio foi lançado pela FEC (hoje Fundação Fé e Cooperação) e nasceu como programa de Rádio, produzido pela FEC e realizado pela Rádio Renascença, chegando a dezenas de Rádios Católicas Lusófonas espalhadas pelo mundo. A abertura desse programa era um comentário que assinei desde o primeiro dia. A partir de 27 de fevereiro de 2014, esta crónica passou a ser publicada também na Agência Ecclesia, o que ainda acontece hoje. O Programa acabaria com a morte da Rádio Sim (RR – janeiro de 2020, após mais de mil programas!), mas – a pedido de diversas Rádios Lusófonas – continuei a escrever e a gravar esta crónica, sempre com o nome de ‘Lusofonias’. Aí está, em traços muitos largos, a história deste projeto que anda no ar há duas décadas e meia e, por isso celebra as bodas de prata do seu nascimento e dez anos de presença semanal na Agência Ecclesia.

Este projeto nasceu – há que dizê-lo – quando as Igrejas Lusófonas decidiram reunir-se com regularidade, o que acontece ainda hoje. Líderes da Igreja Católica de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, S. Tomé e Príncipe e Timor encontram-se para partilhar, refletir, celebrar, confraternizar, aprofundar laços, tomar algumas decisões de ação. O Programa radiofónico, a emitir por Rádios católicas Lusófonas, queria amplificar esta comunhão, dar a conhecer iniciativas e histórias, promover mais e melhor solidariedade entre todos, aprofundar os laços que nos unem enquanto ‘falantes’ da mesma língua. Tentando explicar as razões de ser mais profundas deste programa, escrevi há anos: ‘num tempo em que políticos e militares continuam a levantar muros, nós achamos mais útil, mais humano e mais cristão, construir uma ponte entre as Igrejas onde o português é língua oficial’.

Por mais e melhor que já se tenha feito, haverá sempre um longo caminho ainda a percorrer. E isso não nos deprime, pelo contrário, constitui um enorme estímulo.

Neste percurso – confesso – encontrei gente muito grande. Poderia citar dezenas de pessoas que deixaram ( e ainda deixam) uma marca profunda na minha vida e na minha missão. Mas queria prestar uma homenagem muito especial a quem sempre me apoiou, foi uma inspiração para mim e já está no coração de Deus: o P. João Aguiar Campos. Padre-Jornalista, liderou a RR e escreveu um dos Prefácios ao livro ‘Lusofonias com Missão’, publicado em 2016, chamando-me um ‘agitador de ondas!’. O que ele escreveu ainda hoje me ‘incomoda’ porque constituiu um mapa de estrada para tudo quanto eu escrevo. Dizia ele: ‘a escrita é amena, mas apenas falsamente inofensiva…de facto, as afirmações surgem, aqui e ali, cortantes. Cito ao correr do teclado: deixar morrer alguém à fome é crime contra a humanidade; o Evangelho deve ser anunciado como libertador de todas as opressões; o bem estar das populações deve ser o grande objetivo das políticas; o cristianismo é um projeto de felicidade; há que viver com dignidade e morrer com sentido e serenidade; as pessoas são, acima de tudo, pessoas. E isto é que é importante. O resto depende de adjetivos’. Um obrigado especial ao P. João. Que descanse em Paz.

Agradeço a confiança, a disponibilidade, o incentivo à Ecclesia, às Rádios, ao Espiritanos.pt e outros websites que publicam e divulgam, a quem me ouve e lê, dando razão de ser à minha escrita. E, claro, uma palavra especial de gratidão ao Tiago Tavares que, semana após semana, envia as minhas crónicas às Rádios lusófonas.

É muito interessante ler os sinais dos tempos e tentar perceber como os meios são importantes. O Projeto começou por ser cem por cento rádio. Depois passou para o mundo da escrita online. Nos últimos anos, devo confessar, a grande divulgação faz-se através das redes sociais, sobretudo as mais clássicas e populares – o Facebook e o WhatsApp. Quem diria há 25 anos que seria este o caminho a seguir?!

Que mais posso dizer ou, pelo menos, tentar garantir: sinto-me bem na pele de quem está atento ao mundo, à Igreja e à Missão e que, por isso, acha que ainda há muito caminho a percorrer, muitas ‘boas notícias’ a anunciar, muita solidariedade a construir, muitas desgraças a denunciar, muitos abraços a dar. Arranco, então, com o acelerador a fundo, para mais 25 anos e irei tão longe quanto Deus e os outros me deixarem e acharem oportuno.

Obrigado. Estive na Basílica de Santa Maria Maior a agradecer à Mãe e a confiar-lhe os próximos tempos. Contem comigo, sempre disposto a dar-me e a oferecer o corpo às balas… Conto com todos!

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