Lusofonia: Patriarca de Lisboa olha para Angola com «muita esperança»

Um grande país «não só pelos seus famosos recursos naturais, mas também pela sua população jovem»

Luanda, Angola, 23 jul 2014 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa na primeira visita a Angola explicou o seu olhar sobre o país e a vivência da fé em Portugal, no XI Encontro de Presidentes das Conferências Episcopais de Países de Língua Oficial Portuguesa.

O encontro de Bispos Lusófonos decorre em Luanda, Angola, entre os dias 21 e 28 de julho, em torno do tema “O papel transformador do Evangelho na sociedade à luz da exortação apostólica ‘A alegria do Evangelho’”.

“Olho para Angola com muita esperança porque é um grande país não só pelos seus famosos recursos naturais, mas também pela sua população jovem. Uma população que crescentemente vai tendo habilitações, ensino, quer em África, quer no contexto da lusofonia”, disse D. Manuel Clemente à Rádio Ecclesia.

Na entrevista à Emissora Católica daquele país lusófono, o patriarca de Lisboa assinalou que Angola “pode e deve desempenhar um papel muito importante”, dos dois lados do Oceano Atlântico – no eixo Angola, Portugal e Brasil – “porque tem todas as condições” e como conselho pede às pessoas que “na mudança não percam a alma”.

“As populações saem dos seus locais habituais de vida, acumulam-se em grandes centros urbanos e muitas vezes significa uma transferência cultural, de mentalidade”, por isso apela que mantenham “as tradições e concretamente a tradição cristã, as suas convicções e ligações familiares”, explicou.

“Em Angola penso num país irmão, numa terra que estou habituado mesmo nunca tendo cá vindo”, acrescentou na primeira viagem que realiza a este país de África.

Hoje, D. Manuel Clemente preside à Eucaristia na igreja da Sagrada Família, em Luanda, e aos portugueses enviou uma mensagem de “muita amizade” e de “muita ligação há terra de onde partiram”.

O prelado destacou também a perspetiva missionária de Angola que recebia religiosos e religiosas, padres e leigos em missão Ad Gentes mas que “hoje em dia” a “partilha de Igrejas” é feita também no sentido contrário: “Religiosos, padres e leigos de África, e concretamente de Angola, que estão em Portugal, na Europa, e levam a sua fé”.

D. Manuel Clemente observa com “responsabilidade” o facto de Portugal ser o pai da lusofonia e o patriarcado um dos seus símbolos.

Do Patriarcado partiram muitas missões, mas hoje também as recebe e assinala que “há paróquias, regiões” da Igreja em Lisboa “em que a maioria da população nos atos de culto não é europeu”.

“Esta característica dá uma responsabilidade grande de ligar mais e fazer de Lisboa uma cidade de acolhimento. Ao mesmo tempo isto é muito interessante”, sublinhou D. Manuel Clemente.

Em relação à sua missão no Patriarcado de Lisboa – um “mundo complexo que deve ter cerca de dois milhões e meio de habitantes” – D. Manuel Clemente explicou que a segurança sente-se “por dentro, nas convicções, pela esperança” porque, “hoje em dia”, “a vida é muito complexa” e todos os dias são diferentes com “oportunidades e problemas novos”.

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa comentou ainda a vivência da fé em Portugal e, como na “grande parte dos países” do mundo, considera que “mudou a organização tradicional do catolicismo, nas suas paróquias” porque as pessoas “vão à procura de locais onde possam sobreviver, onde possam ter viabilidade económica”.

O XI Encontro de Presidentes das Conferências Episcopais de Países de Língua Oficial Portuguesa reúne representantes das Igrejas de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, até dia 28, na capital angolana.

RE/CB/LFS

 

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