Texto encerra trilogia sobre as virtudes teologais, iniciada por Bento XVI
Lisboa, 21 abr 2025 (Ecclesia) – A primeira encíclica do Papa Francisco, denominada ‘Lumen fidei’ (Luz da Fé), apresentada em julho de 2013, encerrou a trilogia iniciada por Bento XVI sobre as virtudes teologais (fé, esperança e caridade).
O antecessor de Francisco publicou em janeiro de 2006 a ‘Deus caritas est’ (Deus é amor) e a segunda parte da trilogia, ‘Spe salvi’ (Salvos na esperança) foi assinada em 2007.
“Estas considerações sobre a fé – em continuidade com tudo o que o magistério da Igreja pronunciou acerca desta virtude teologal – pretendem juntar-se a tudo aquilo que Bento XVI escreveu nas cartas encíclicas sobre a caridade e a esperança”, sublinhava o Papa argentino, na ‘Lumen Fidei’.
Francisco agradece ao seu predecessor por ter convocado um Ano da Fé (outubro de 2012-novembro de 2013), que teve início no cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II.
“A fé não é só uma opção individual que se realiza na interioridade do crente, não é uma relação isolada entre o ‘eu’ do fiel e o ‘Tu’ divino, entre o sujeito autónomo e Deus, mas, por sua natureza, abre-se ao ‘nós’, verifica-se sempre dentro da comunhão da Igreja”, escreve.
A reflexão iniciada por Bento XVI e concluída por Francisco, que agradece o trabalho do seu predecessor neste texto, sustenta que a “profissão de fé” é mais do que concordar com “um conjunto de verdades abstratas”.
Ele já tinha quase concluído um primeiro esboço desta carta encíclica sobre a fé. Estou-lhe profundamente agradecido e, na fraternidade de Cristo, assumo o seu precioso trabalho, limitando-me a acrescentar ao texto qualquer nova contribuição. De facto, o Sucessor de Pedro, ontem, hoje e amanhã, sempre está chamado a ‘confirmar os irmãos’ no tesouro incomensurável da fé que Deus dá a cada homem como luz para o seu caminho”.
A encíclica cita a obra ‘O Idiota’, do russo Dostoievski (1821-1881) para falar dos “efeitos destruidores da morte no corpo de Cristo”.
“É precisamente na contemplação da morte de Jesus que a fé se reforça e recebe uma luz fulgurante, é quando ela se revela como fé no seu amor inabalável por nós”, escreve Francisco.
Francisco faleceu hoje, na Casa de Santa Marta, onde se encontrava em convalescença desde 23 de março, após um internamento de 38 dias no Hospital Gemelli, devido a problemas respiratórios.
O anúncio foi feito pelo cardeal camerlengo, D. Kevin Farrell: “Queridos irmãos e irmãs, é com profunda dor que devo anunciar a morte do nosso Santo Padre Francisco. Às 07h35 desta manhã, o Bispo de Roma Francisco regressou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e da sua Igreja”.
OC