“Nós existimos – unidos pela vida, contra a violência e impunidade” – é o lema da campanha de assinaturas em prol dos povos indígenas do Estado de Roraima, Brasil, que pretendem “que o Presidente Lula da Silva dê seguimento aos compromissos assumidos” – salientou o Pe. Jorge Dal Ben, Missionário da Consolata, na conferência de imprensa, dia 19 de Novembro, em Lisboa, para apresentar esta campanha em Portugal. A terra indígena Raposa Serra Sol (Roraima) é habitada desde os tempos ancestrais pelos povos Macuxi, Wapichana, Ingarikó, Taurepang e Patamona e actualmente tem “uma população superior a 15 mil índios” que lutam pelos “seus direitos” – acentuou o Pe. Jorge dal Ben. Demarcada em território contínuo por uma portaria ministerial, há cinco anos, necessita apenas da assinatura do Presidente da República para ser homologada. Uma situação que tem origem – para o missionário da Consolata – nas “pressões que Lula da Silva sofre dos políticos locais”. “Os políticos anti-indígenas, mineradoras, madeireiras e sectores da Forças Armadas opõem-se à homologação” – refere o postal que os signatários podem enviar ao Presidente da república. Uma campanha, iniciada em Março de 2003, teve como primeiro subscritor o ex-presidente da Conferência Nacional dos Bispos Brasileiros (CNBB) D. Jaime Chimelo, e a CNBB já enviou para Lula da Silva uma carta onde refere que a sua “preocupação prende-se à expectativa da imediata homologação da terra indígena Raposa Serra do Sol nesse Estado na sua integralidade”. A questão dos povos indígenas sempre “foi uma prioridade da missão da CNBB, exactamente pelo seu significado simbólico: apesar de representarem as raízes da cultura do Brasil, são os mais desamparados entre os pobres da nossa população”. Este missionário da Consolata, de origem italiana e com 60 anos de idade, vive com este povo indígena há mais de trinta anos e sublinhou, aos jornalistas presentes, os progressos feitos pelos índios daquela região: “a propriedade da terra é comunitária e as decisões também são comunitárias”. Um santuário ecológico que “os garimpeiros destróiem” e que “os índios querem preservar e valorizar” – disse o Pe. Jorge Dal Ben. E acentua: “a terra não é um valor económico para os índios é uma mãe espiritual e uma consciência moral”. Uma lógica diferente do mundo ocidental porque eles “não querem enriquecer, querem é preservar os valores culturais”. Ao nível evangelizador, o missionário da Consolata afirma que, “apesar de perseguidos pelos anti-indígenas, somos bem acolhidos na comunidade”. Defensores da causa deste povo, o Pe. Jorge disse que o processo catequético deste povo é diferente da Europa. “O Baptismo é sinónimo de dignidade” porque “o Evangelho é uma Boa Notícia” – finaliza.