Lúcia, a memória de Fátima

A Irmã Lúcia era a testemunha viva das aparições que fizeram de Fátima o “Altar do Mundo”. Os relatos que escreveu das aparições de Nossa Senhora, os “segredos” revelados pela “Virgem vestida de branco” e a vida em clausura daquela que vira e dialogara com Nossa Senhora em muito contribuíram para transformar a Cova da Iria num local de expressão de fé, num espaço de sintonia com o transcendente, num destino de diferenciadas peregrinações e de todo o mundo.

Lúcia de Jesus dos Santos nasceu a 22 de Março de 1907, no lugar de Aljustrel, próximo de Fátima, e morreu no dia 13 de fevereiro de 2005.

Aos 10 anos foi uma dos três Pastorinhos a ter visto, pela primeira vez, Nossa Senhora na Cova da Iria. Estava com dois primos, Jacinta e Francisco Marto, que morreram pouco tempo após o ano das aparições: no próximo dia 20 assinala-se o 85.º aniversário da morte de Jacinta, e Francisco faleceu a 4 de abril de 1914.

Ambos já foram beatificados pelo Papa e corre para o fim o processo de Canonização. Nossa Senhora disse, numa das aparições, que a mais velha dos videntes ficaria neste mundo "mais algum tempo".

Em 17 de junho de 1921, a Irmã Lúcia entrou, como aluna, no colégio das Irmãs Doroteias em Vilar, Porto. Decidida a ser religiosa doroteia iniciou o postulantado, em Pontevedra (Espanha), em 1925.

No dia 2 de outubro de 1926 deu início ao noviciado em Tuy. Professou no dia 3 de outubro de 1928 em Tuy e ali permanece uns anos. Em 1934 voltou para a comunidade de Pontevedra.

Em 1937 voltou de novo para a comunidade de Tuy. Em 1946 regressou a Portugal para ser integrada na Casa do Sardão, em Vila Nova de Gaia. Em 25 de março de 1948 entrou para o Carmelo de Santa Teresa em Coimbra. Em 13 de maio de 1948 tomou o hábito de Carmelita e professou em 31 de maio de 1949. Voltou a Fátima a 13 de maio de 1967 no cinquentenário das Aparições, a pedido do Papa Paulo VI, e nas três peregrinações do Papa João Paulo II (1982, 1991, 2000).

Por ordem do bispo de Leiria, D. José Alves Correia da Silva, Lúcia escreveu as suas Memórias: Primeira Memória, em Dezembro de 1935 (sobre a Jacinta); Segunda Memória, em 21 de novembro de 1937 (Aparições do Anjo-Imaculado. Coração de Maria); Terceira Memória, em 31 de Agosto de 1941 (as 2 partes do segredo: visão do Inferno e devoção ao Imaculado Coração de Maria); Quarta Memória, em 8 de dezembro de 1941 (sobre o Francisco e descrição pormenorizada das Aparições do Anjo e de Nossa Senhora).

A 19 de Fevereiro de 2006 o seu corpo foi trasladado para a Basílica do Santuário de Fátima, onde foi tumulado ao lado da sua prima, a vidente Beata Jacinta Marto.

Bento XVI decidiu antecipar o início do processo de beatificação da irmã Lúcia, uma decisão anunciada a 13 de fevereiro de 2008, em Coimbra, pelo cardeal Saraiva Martins, então prefeito da Congregação para as Causas dos Santos.

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