Padre Carlos Aquino anuncia exposição prévia, nas festas da Senhora da Piedade 2020
Loulé, 31 jul 2019 (Ecclesia) – O pároco de Loulé, na Diocese do Algarve, anunciou a criação de um museu com o património descoberto na igreja de São Francisco, que remonta ao século XVIII, sendo necessário “um critério pedagógico” sobre a sua reposição.
“Estamos a pensar fazer uma exposição em primeiro lugar, no contexto das festas da Senhora da Piedade, Mãe Soberana, no próximo ano. E depois, criar um espaço museológico, onde a maior parte desta material, com outro, e é muito o que temos da igreja matriz, quer da igreja de São Francisco, poderá ficar em exposição”, disse o padre Carlos Aquino à Agência ECCLESIA.
O responsável explica que “não teria sentido” repor completamente no lugar de culto o património religioso que remonta ao século XVIII e que estava entaipado.
“É incalculável: há altares que são do segundo quartel do século XVIII, imagens com alguma importância e também na parte das alfaias litúrgicas – uma custódia que está datada de 1747, turíbulos, navetas, roupa com alguma qualidade, imagens, telas também com algum valor”, exemplificou.
Os altares, imagens de culto, painéis referentes a santas dominicanas e santos franciscanos foram descobertos em abril deste ano, na igreja de São Francisco, construída em 1891 sobre uma ermida quinhentista.
“Iremos montar tudo, altares que estavam todos desmontados mas agora percebemos que estão completos, sobretudo o altar da capela do Santíssimo e do altar da Senhora das Dores, que eram muito importantes na igreja. E um conjunto de dez altares, do segundo quartel do século XVIII e que a maior parte está em bom estado”, exemplificou o sacerdote.
O pároco de Loulé recorda que quando se descobriu este património religioso foi convocado um especialistas da Diocese do Algarve, o historiador Francisco Lameira, para uma avaliação; depois criou-se um “percurso pedagógico”, que começa na limpeza de todo o material, “a catalogação, a fotografia”, de seguida “vai entrar numa fase de desinfestação” e conservação.
Com esta inventariação, a paróquia algarvia quer identificar o espólio encontrado e procura também documentos de meados do século XX que possam ajudar a reconstruir a igreja de São Francisco quando tinha este património.
“Há um relatório de um padre que dá uma grande ajuda para percebemos que em 1958 material que foi encontrado já não estaria na igreja, não estaria nas melhores condições, na altura não havia dinheiro e foi o critério do padre da comunidade, ao menos não venderam, nem enterraram ou queimaram”, adianta o responsável local.
O padre Carlos Aquino contextualiza também que o vasto património, com elementos de retábulos, nichos de talha dourada, imagens, paramentaria, alfaias e documentos, foi descoberto na igreja de São Francisco pela necessidade de “arranjar umas salas contíguas para fazerem de casa mortuária.
“Havia uma sala que estava entaipada e verificamos este material que correspondeu em grande parte da memória da paróquia”, acrescentou o pároco de Loulé.
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