Loja solidária ajuda mais necessitados

«É Dado» é a última resposta da Cáritas de Lisboa e do projecto «Igreja Solidária» «É Dado» é o nome da loja solidária que esta tarde abre as portas em Carnide e é a última expressão do projecto «Igreja Solidária», que a diocese de Lisboa lançou há cerca de dois meses.

Trata-se de uma loja onde quem precisa pode ir procurar roupa, calçado, quer para homem, como para senhora e crianças, brinquedos, experimentar, como em qualquer outro estabelecimento e, como o nome indica, levar, porque é dado.

A responsabilidade da loja é da Cáritas diocesana de Lisboa. José Frias Gomes, presidente da instituição explica à Agência ECCLESIA que a missão da Cáritas não é "gerir uma cadeia de lojas solidárias" mas sim, "desenvolver uma iniciativa demonstrativa do que pode ser feito" e ser "um testemunho da solidariedade".

Todo o projecto foi desenvolvido assente na lógica solidária. "As obras, as pinturas, a montagem, tudo foi feito com a disponibilidade de quem quer ajudar", indica o presidente. "Esperemos que o voluntariado seja expressão da fraternidade e dignidade" e nesse sentido, "possa ser desenvolvido por outros".

A loja é inaugurada esta Quarta-feira e estará aberta ao público na Rua Manuela Porto, n.º 12, às Terças e Quintas-feiras, das 9:00h às 12:00h, e aos Sábados das 15:00h às 17:00h.

Há dois meses que a Cáritas prepara a abertura deste ponto de ajuda. "Temos duas toneladas de material", indica José Frias Gomes, material que poderá ser ainda aumentado. "O que pedimos são bens com qualidade e que qualquer pessoa, caso precisasse, gostaria de receber".

O Presidente da instituição garante que estão disponíveis para ajudar quem precisa. "Quem vier ter connosco, sinalizado pela Cáritas, Centros paroquiais, misericórdias, terá toda a ajuda possível". A sinalização é importante pois "estando para ajudar quem necessita, precisamos saber que a pessoa precisa de facto", adverte.

Esta é uma resposta que a Cáritas de Lisboa disponibiliza, mas os pedidos que recebe são diversos. José Frias Gomes adianta necessidades de medicamentos, pagamento de escolas de crianças, rendas de casa, contas várias, que a instituição vai tentar colmatar.

«Igreja Solidária»
«É Dado» é a última resposta do projecto «Igreja Solidária» apresentado a 17 de Abril. Apesar de "não estar ainda a funcionar em pleno", o Cónego Francisco Crespo, Director do Departamento da Pastoral Sócio-Caritativa e responsável pelo projecto «Igreja Solidária», diz fazer uma "avaliação é positiva em vários sentidos".

"O projecto foi bem acolhido pelos bispos e padres", acolhimento que resultou em "boas iniciativas dando resposta a carências imediatas dos paroquianos".

Para funcionar em pleno, a organização deste projecto diocesano vai lançar, na próxima semana, o site «Igreja solidária». O Cónego Crespo explica que vai estar disponível regulamento para aderir ao projecto e às respostas aos pedidos de ajuda.

No site vai ser possível consultar os procedimentos para aderir às ajudas disponibilizadas por duas entidades bancárias (Montepio e BES) que pretendem impulsionar o empreendorismo. "O objectivo é que as pessoas criem o seu emprego e gerem emprego", explica o Cón. Crespo.

O site irá também "facilitar as ajudas" para o Fundo de emergência social, que disponibiliza 150 mil euros. O Cóg. Crespo explica que este valor não está ainda a ser utilizado, mas "não é para ficar parado". Com a entrada em funcionamento do site, irá ser utilizado "tendo em conta as carências das pessoas" que "forçosamente terão de passar pelas instituições".

A burocracia não será impedimento para as ajudas, garante o Cónego Crespo. "Se é uma questão de emergência o próprio técnico responsável está capacitado para dar a ajuda". 

Resposta pronta mas contra a dependência
O responsável pelo projecto afirma que as comunidades paroquiais estão empenhadas nas soluções alimentares ou em respostas consideradas urgentes, onde se incluem medicamentes, rendas de casa ou mensalidades de escolas.

"As respostas que estamos a dar, nomeadamente através dos refeitórios sociais, ceias, ajuda para medicamentos, ou serviços médicos, não responde à crise implantada, nem era esse o objectivo", adverte o Cónego Crespo.

O mais grave continua a ser o desemprego. O sacerdote lamenta que a «subsidio-dependência» continue a prevalecer, uma vez que não poucas pessoas "optam por ficar dependentes de um subsídio em vez de procurar emprego". Trata-se de uma questão de justiça social, "mesmo em relação aos contribuintes que estão a descontar", justifica.

No entanto, frisa, este "não é um problema da Igreja, antes de mentalidade que cabe ao governo, ao centro de emprego e às políticas resolver".

A Igreja solidária não nasceu para resolver o problema da crise. "O objectivo é despertar as comunidades para os problemas emergentes".

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