Denúncia foi feita pelo presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral da Saúde
O Papa teme “o risco de um desastre humanitário e de um colapso mundial do sistema de saúde”. A afirmação foi feita ontem pelo presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral da Saúde, durante o Congresso Mundial da Federação Internacional de Farmacêuticos Católicos.
O Arcebispo Zygmunt Zimowski lançou um apelo para que o acesso aos medicamentos seja garantido aos mais pobres, na sequência da diminuição da assistência médica aos doentes, especialmente crianças, que ocorreu durante a actual crise económica.
“Em demasiadas regiões – disse – faltam os remédios de primeira necessidade. Muitas vezes, por motivos económicos, as doenças típicas de países em desenvolvimento são ignoradas porque, apesar de matarem milhões de pessoas, não constituem um mercado suficientemente rico.”
Esta prática deu origem ao termo «orphan drugs» (fármacos órfãos), ou seja, fármacos que não se desenvolvem, não se produzem e não se distribuem porque os potenciais compradores não têm capacidade económica para adquiri-los. “Isto torna evidente que a saúde deixou de ser governada pela ética tradicional da medicina, mas sim pela lógica da indústria” – avaliou o arcebispo.
Outro problema apontado por D. Zimowski é a contrafacção de medicamentos, que atinge primeiramente as crianças: “Falsos antibióticos e falsas vacinas têm graves repercussões sobre a saúde” – recordou. Segundo a Organização Mundial da Saúde, 50% dos remédios contra a malária vendidos no mercado são contrafeitos.
Aos farmacêuticos católicos, o presidente do Conselho Pontifício recordou as palavras de João Paulo II: “Na distribuição dos remédios, o farmacêutico não pode renunciar às exigências da sua consciência em nome das leis do mercado, nem em nome de legislações condescendentes. O lucro, legítimo e necessário, deve ser sempre subordinado ao respeito da lei moral e à adesão aos ensinamentos da Igreja”.
O Congresso Mundial da Federação Internacional de Farmacêuticos Católicos, que hoje se conclui em Poznan, Polónia, reflectiu sobre o tema “A segurança do medicamento: ética e consciência para o farmacêutico”.
Com Rádio Vaticano