Desemprego é «face mais dramática» da crise, diz coordenadora nacional
Lisboa, 22 ago 2012 (Ecclesia) – A coordenadora nacional da Liga Operária Católica (LOC/MTC) referiu hoje à Agência ECCLESIA que o desemprego é a “face mais dramática” da crise que afeta Portugal, com consequências visíveis nas famílias.
Fátima Almeida reagia aos últimos números divulgados pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional, segundo os quais os inscritos nos centros de emprego aumentaram 25 por cento em julho, em termos homólogos, com um agravamento de 1,5 por cento face ao mês anterior.
Os 655 342 desempregados registados “infelizmente não são novidade para quem, no seu dia a dia, é confrontado com o encerramento de empresas: da indústria, da construção, do comércio, de pequenos serviços e da restauração”, refere a coordenadora do Movimento de Trabalhadores Cristãos, em depoimento escrito.
Para esta responsável, o “mais grave” é que o desemprego “está a levar ao desespero tantos cidadãos, jovens e adultos, homens e mulheres, mais qualificados e menos qualificados, e a afetar as famílias”.
“Não há hoje núcleos familiares que não tenham um ou vários membros privados do rendimento do trabalho a que todos têm direito”, sublinha.
Fátima Almeida afirma que a falta de trabalho provoca “empobrecimento e exclusão”, situações que considera poderem dar origem a “frustrações, depressões e a um sentimento de profunda desumanização”, para além de conflitos familiares, separações e do “regresso às casas dos pais”.
“O desemprego é hoje um problema estrutural e assim deve ser reconhecido por todos, particularmente pelos governantes e parceiros sociais”, sustenta.
Nesse sentido, a LOC/MTC entende ser necessário rever “a legislação tão humilhante para os desempregados, que os obriga a comprovar quinzenalmente a sua situação, e a procura de emprego que não conseguem encontrar, mendigando ou mesmo, nalguns casos, pagando pelos respetivos carimbos das entidades empregadoras”.
“Denunciamos o desinvestimento na requalificação dos trabalhadores e dos desempregados e o não acesso destes à mesma por razões de dificuldades económicas”, alerta também.
A coordenadora da organização católica espera que se tomem medidas que promovam a “regulamentação da economia” e um “desenvolvimento justo e sustentável” que proteja os cidadãos.
Para Fátima Almeida, o caminho seguido não tem ido nesse sentido, afirmando que os governantes “estão a desregular a legislação laboral, a acabar com a contratação coletiva, a facilitar os despedimentos e a cortar na proteção dos desempregados”.
“Não é demais exigir a devida proteção dos desempregados, de modo a que estes não precisem de mendigar aquilo que um Estado democrático tem por dever garantir-lhes”, observa.
A responsável diz que os cristãos devem olhar para a atual situação como um “constante desassossego” e “incentivar a instrução e a qualificação dos trabalhadores, principalmente dos jovens”.
OC