Liturgia: Três dias de celebração na maior festa cristã

Tríduo Pascal evoca momentos ligados à morte e ressurreição de Jesus

Lisboa, 13 abr 2017 (Ecclesia) – A Igreja Católica começa hoje a celebrar os dias mais importantes do seu calendário litúrgico, que assinalam os momentos da morte e ressurreição de Jesus, culminando na Páscoa.

Um conjunto de celebrações que se desenrolam no chamado Tríduo Pascal, que remontam ao início do Cristianismo, seguindo as indicações deixadas pelos Evangelhos sobre estes acontecimentos.

Nos primeiros séculos, as Igrejas do Oriente celebravam a Páscoa como os judeus, no dia 14 do mês de Nisan, ao passo que as do Ocidente a celebravam sempre ao domingo.

O Concílio de Niceia, no ano 325, apresentou prescrições sobre o prazo dentro do qual se pode celebrar a Páscoa, conforme os cálculos astronómicos (primeiro domingo depois da lua cheia que se segue ao equinócio da primavera): de 22 de março a 25 de abril.

O cónego Luís Manuel Pereira da Silva, pároco da Sé patriarcal de Lisboa e docente da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, recorda que “a Páscoa é a festa central dos cristãos, sempre o foi” e já no século II há notícia da sua celebração anual.

A Missa vespertina da Ceia do Senhor, na quinta-feira, assinala o início do Tríduo, com um caráter festivo.

Para o especialista em Liturgia, há “três ideias fundamentais” nesta celebração: “a instituição da Eucaristia”, com um “sentido novo” para a Páscoa, dado por Jesus; “a instituição do sacerdócio”; e o “gesto do lava-pés”.

No final da celebração, o Santíssimo Sacramento (hóstia consagrada que os católicos acreditam ser o próprio Jesus Cristo) é trasladado para um outro local, desnudando-se então os altares.

O docente da Faculdade de Teologia da UCP, mestre das cerimónias patriarcais, refere que o dia seguinte, Sexta-feira Santa, está centrado “na contemplação da Cruz”, como o sinal da morte de Cristo e de “um amor que vai para lá da própria morte”.

“O verdadeiro sacrifício é o dom da entrega”, precisa o cónego Luís Manuel Pereira da Silva.

Este é um dia alitúrgico, pelo que não há Missa; a principal celebração é, fundamentalmente, uma ampla Liturgia da palavra, que culmina com a adoração da Cruz e a comunhão eucarística.

Esta é a “tradição mais antiga da Igreja” e mesmo a distribuição da comunhão foi estabelecida pelo Papa Pio XII, em 1955.

O Sábado Santo também é um dia alitúrgico, isto é, sem celebração da Eucaristia ou de outros sacramentos, marcado pelo “silêncio”.

“O silêncio do Sábado Santo não é o de um túmulo, que não tem mais nada a dizer”, precisa o cónego Luís Manuel Pereira da Silva.

A este silêncio segue-se a Vigília Pascal, “a maior e a mais importante das celebrações da Igreja”, refere o especialista, uma cerimónia que integra já o calendário da Páscoa.

Uma celebração que é composta por “quatro liturgias”: a da Luz, em sinal de alegria, com a bênção do lume novo e o Círio; a da Palavra, que compreende nove leituras, sete do Antigo Testamento e duas do Novo Testamento, com o canto do Glória e do Aleluia; a Batismal e a Eucarística.

HM/OC

Partilhar:
Scroll to Top
Agência ECCLESIA

GRÁTIS
BAIXAR