Cónego Luís Manuel Silva realça importância do documento para a supressão de aspetos que dificultavam a «participação dos fiéis»
Lisboa, 18 fev 2014 (Ecclesia) – O Vaticano vai acolher a partir de hoje, e até quinta-feira, um simpósio internacional dedicado aos 50 anos da constituição “Sacrosanctum Concilium”, documento do Concílio Vaticano II sobre a Liturgia que entrou em vigor a 16 de fevereiro de 1964.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o cónego Luís Manuel Silva, professor da Universidade Católica Portuguesa, destaca que o decreto publicado pelo Papa Paulo VI permitiu suprimir aspetos que constituíam “um obstáculo” à “participação dos fiéis”.
Em primeiro lugar, realça o docente da Faculdade de Teologia, a “Sacrosanctum Concilium” trouxe uma mudança na “linguagem” das celebrações, que antes eram em latim e passaram a “poder ser nas línguas próprias” de cada povo.
“A segunda grande mudança”, acrescenta o especialista, foi que o documento “devolveu a liturgia ao povo de Deus”, ou seja, possibilitou às pessoas participarem nas celebrações, de acordo com “a sua condição batismal”.
O documento conciliar, particularmente no seu n.º 14, veio sublinhar que “todo o povo de Deus é um povo de sacerdotes, no sentido em que participa do sacerdócio de Cristo e portanto participar na liturgia é um direito e um dever de todo o cristãos”.
Hoje “à volta da liturgia há todo um conjunto de ministérios” que as pessoas podem “exercer”, frisa o cónego Luís Manuel Silva, dando como exemplo funções como as de “leitor, salmista e acólito”.
O docente de Liturgia na UCP recorda ainda “todas as equipas que estão por trás da celebração litúrgica” e que asseguram áreas como “o acolhimento”, o “embelezamento” dos espaços e o tratamento dos “paramentos”.
Em terceiro lugar, a “Sacrosanctum Concilium” trouxe uma “mudança completa” na forma “de encarar a liturgia” e de a “exercer”.
[[a,d,4451,Emissão 16-02-2014]] De um paradigma “juridicista” e “ritualística”, em que “a liturgia era utilizada como um conjunto de “regras do bem celebrar”, passou-se para uma conceção em que “a liturgia é a continuação da história da salvação, tem no seu centro a celebração do mistério pascal de Cristo”, aponta o pároco da Sé de Lisboa.
O simpósio do Vaticano, organizado pela Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, vai ter lugar na Universidade Pontifícia Lateranense.
A iniciativa vai contar com a participação de D. José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda, que abordará “o ensino da liturgia nas faculdades, seminários e casas de formação após a Sacrosanctum Concilium”.
LS/JCP