«As novidades, não sei se são revoluções, se são evoluções, mas penso que é uma capacidade também de escutar o Espírito de Deus» – Padre Pedro Santos
Fátima, 07 set 2023 (Ecclesia) – O padre Pedro Santos, da Diocese de Coimbra, afirmou que existe uma “renovação” do Papa Francisco nos ministérios instituídos da Igreja Católica e também “uma pequena revolução” e “novidade”, porque “durante séculos não foi essa a prática”.
“A questão de instituir mulheres no Ministério de Leitor ou no Ministério de Acólito não era uma prática habitual, de alguma forma cria aqui uma novidade. As novidades, não sei se são revoluções, se são evoluções, mas penso que é uma capacidade também de escutar o Espírito de Deus, naquilo que tem para dizer à Igreja de cada tempo e à nossa Igreja em particular”, disse o diretor do Secretariado Diocesano da Liturgia de Coimbra, esta quarta-feira, à Agência ECCLESIA.
O Secretariado Nacional de Liturgia (SNL), da Conferência Episcopal Portuguesa, realizou o 47.º Encontro Nacional de Pastoral Litúrgica (ENPL), em Fátima, com o tema ‘Ministérios na Igreja Sinodal’, desde segunda-feira (4 a 7 de setembro).
O padre Pedro Santos, que apresentou a conferência ‘O Papa Francisco e a renovação dos ministérios instituídos’ no ENPL, e, à margem do encontro, assinalou que “de alguma forma há uma renovação” na ação do pontífice porque, “no fundo, volta a colocar importância naquilo que é o exercício do ministério na Igreja”, acrescentando que se pode dizer que “há uma pequena revolução, porque durante séculos não foi essa a prática da Igreja”.
O sacerdote explicou que o Papa Francisco fez “uma pequenina alteração no Código de Direito Canónico”, no cânone que regia os ministérios instituídos, “que dizia que estavam reservados a leigos do sexo masculino”, e “elimina uma palavra do texto latino” para dizer que “todos os leigos podem ser instituídos”.
“Penso que é um processo de renovação para refocar a questão do ministério também naquela que é a vocação batismal de cada um de nós. Na vocação laical não estão excluídas as mulheres nesse processo, naturalmente partilham e participam daquela que é a missão da Igreja de anunciar o Evangelho e de construir a comunidade cristã, para o qual os ministérios servem.”
O diretor do Secretariado Diocesano da Liturgia de Coimbra realçou que os ministérios têm essa “finalidade do crescimento da comunidade cristã”, por isso, as mulheres instituídas, como homens instituídos, “poderão participar e assumir essa missão”.
Em 2021, o Papa Francisco estabeleceu que as mulheres tenham acesso aos ministérios de Leitor e Acólito, com o motu proprio ‘Spiritus Domini’, no dia 11 de janeiro, e instituiu o ministério de catequista, na Igreja Católica, através da carta apostólica (Motu Proprio) ‘Antiquum ministerium’, publicada a 11 de maio.
O padre Pedro Santos assinala que ainda não está a acontecer, por isso, não sabe “as consequências que poderá trazer”, mas “vai trazer muitos desafios, sobretudo a relação entre ministérios instituídos, ministérios não instituídos”, e a forma como eles se vão articular dentro da comunidade.
“Para todos os efeitos temos muitas mulheres a praticar de forma não instituída, com temos homens não instituídos, como acólitos, como ministro da palavra, ministros da comunhão, das exéquias, e tantos outros serviços”, lembra.
O sacerdote, que é pároco in solidum de Nossa Senhora de Lurdes, Santa Cruz, Sé Nova e Sé Velha, disse que ainda não têm ninguém a fazer formação para ministérios e ministros instituídos, considerando que “poderão ser um bom motor de dinamização das comunidades”.
“Se puder trazer maior formação para aqueles que vão exercer esses ministérios e se estes ministérios instituídos puderem ser promotores de outros ministérios dentro das comunidades cristãs, serem estes ministro a assumirem esse papel dentro de uma comunidade, penso que poderá trazer muitos frutos à Igreja e uma renovação que poderá ajudar a Igreja a ser mais fiel à sua missão de anunciar o Evangelho.”
O Secretariado Nacional de Liturgia publicou um pontifical para a Instituição de Catequistas, que deve ser considerado “típico” para a Igreja Católica em Portugal, “oficial para o uso litúrgico”, em fevereiro deste ano.
CB/PR