Liturgia: «Gestos e atitudes não são etiqueta» – Padre João Paulo Henriques

Sacerdote da Diocese de Aveiro explicou que os gestos são uma «forma de linguagem, não isolada, mas em articulação e sintonia com a ação litúrgica»

Foto Secretariado Nacional de Liturgia

Fátima, 24 jul 2024 (Ecclesia) – O padre João Paulo Henriques, da Diocese de Aveiro, refletiu sobre ‘Atitudes, gestos e movimentos: o corpo simbólico’, na conferência que marcou o segundo dia do 48.º Encontro Nacional de Pastoral Litúrgica, que está a decorrer em Fátima.

“Os gestos em liturgia são uma forma de linguagem, não isolada, mas em articulação e sintonia com a ação litúrgica; O gesto é ritualizado, mas profundamente verdadeiro e só pode ser espiritual na medida que é incarnado, porque não há homem que não seja corpo”, disse o sacerdote de Aveiro, esta terça-feira, 23 de julho, na conferência enviada à Agência ECCLESIA pelo Secretariado Nacional de Liturgia (SNL).

O padre João Paulo Henriques explicou que como nos encontros humanas “os gestos assumem formas e intensidades diferentes”, mas são sempre “mediação de relação” entre aquele que tomando consciência de si pelo gesto, espera do outro a resposta que se inscreva num contexto determinado, “também na liturgia o gesto posto pelo corpo está no cruzamento do próprio eu, dos outros (assembleia) e o Outro (Deus) como mediação de relação”.

‘A liturgia, escola de oração’ é o tema do Encontro Nacional de Pastoral Litúrgica 2024, que está a decorrer em Fátima, até esta quinta-feira, dia 25 de julho; a 48.ª edição que quer ser “uma preparação” para o Jubileu 2025, explicou o SNL, da Comissão Episcopal da Liturgia e Espiritualidade da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).

‘Atitudes, gestos e movimentos: o corpo simbólico’, foi o tema da conferência do padre João Paulo Henriques, que realçou que a atitude, como o gesto, “compromete o homem numa relação da qual se faz expressão”.

“Os gestos e atitudes não são na liturgia etiqueta, mas revelação do crente pela mediação do corpo, corpo de cultura, tradição e natureza.”

Foto Secretariado Nacional de Liturgia

Segundo o conferencista, quando se fala em participação ativa na liturgia trata-se de estar, “na verdade de si, no gesto que se põe, na atitude que se assume, deixando-se envolver por elas: corpo-símbolo”.

O sacerdote da Diocese de Aveiro explicou que os gestos que se colocam na Eucaristia inscrevem-se “numa continuidade com aqueles de Jesus na véspera da sua morte”, e começou a sua conferência a lembrar que no filme ‘Dos homens e dos deuses’ – sobre a história dos monges da Ordem Cisterciense da Estrita Observância raptados e assassinados em Tibhirine [Argélia], do realizador francês Xavier Beauvois – a conversa entre dois monges, no dia de passeio, “sobre o rito do lavabo”, “um defendia que o gesto da lavagem tinha de ter água suficiente para lavar as mãos, o outro pensava não serem necessárias se não umas gotinhas, pois o gesto era simbólico”.

Neste sentido lançou a pergunta “se os gestos em liturgia são uma espécie de farsa ou de decoração? Ou se simbólico é sinónimo de falso”, e respondeu a essa “problemática em duas partes”: em chave antropológica, analisando “a questão do símbolo e do corpo, já que os gestos são iminentemente corporais”, e em chave de teologia litúrgica, onde procurou “identificar o sujeito que coloca os gestos em liturgia” e comentou alguns gestos.

O Secretariado Nacional de Liturgia propõe aos participantes do 48.º ENPL, várias conferências – Isabel Alçada Cardoso refletiu sobre o tema ‘A liturgia, Espiritualidade encarnada: da contemplação ao assombro’; da Diocese do Porto, o padre João da Silva Peixoto, ‘A formação litúrgica: tarefa permanente’; o monge beneditino (OSB) brasileiro, padre Ruberval Monteiro da Silva, do Instituto Santo Anselmo, em Roma, vai falar sobre ‘Feliz o povo que sabe aclamar-Vos: a aptidão simbólica’, no Salão do Bom Pastor, do Centro Pastoral Paulo VI (Fátima).

Do programa do Encontro Nacional de Pastoral Litúrgica também constam momentos específicos de formação por grupos: para padres; acólitos; leitores, catequistas, e músicos.

CB

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Agência ECCLESIA

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