Conferência conclusiva destacou centralidade do «mistério» nas celebrações

Fátima, 31 jul 2025 (Ecclesia) – O 49.º Encontro Nacional de Pastoral Litúrgica (ENPL) concluiu-se hoje, em Fátima, apontando ao centenário do primeiro Congresso de Liturgia em Portugal, que teve lugar em Vila Real, em 1926.
O padre Pedro Lourenço Ferreira, diretor do Secretariado Nacional de Liturgia, destacou ainda que, no próximo, o ENPL chega à sua 50ª edição, que vai ser celebrada de 27 a 30 de julho de 2026.
O responsável assinalou, na intervenção final, o trabalho desenvolvido pelo Secretariado na “revisão e edição dos livros litúrgicos e outros livros de formação litúrgica”, a presença nas redes sociais e uma aplicação própria, para dispositivos digitais.
“Diariamente, são cerca de 4 mil orantes com esse meio de acesso aos textos orantes, à Liturgia das Horas e à Missa”, referiu.
O 49.º ENPL, com o tema ‘Liturgia: encontro com Jesus Cristo’, iniciou-se na segunda-feira.

A conferência conclusiva esteva a cargo do cónego João da Silva Peixoto, da Diocese do Porto, que falou sobre o tema ‘Do mistério ao rito e do rito à vida em comunhão”.
O especialista observou que por vezes, na comunicação social, se usa a palavra “liturgia” a respeito de sessões parlamentares, de comemorações recorrentes, de atos públicos, académicos ou judiciais.
“Na verdade, porém, não se trata de verdadeiras liturgias, mas tão só cerimonial, ritualidade, protocolo”, sustentou, considerando que lhes falta “o mistério”.
“Veja-se certos casamentos que são mais evento que sacramento, mas em que o mistério está ausente ou se esvaiu como escorre entre os dedos e se perde a água derramada nas mãos”, acrescentou.
Para o cónego João da Silva Peixoto, a liturgia “ou começa pelo mistério ou não passa de ritos e cerimónias de pompas vazias”.
A intervenção convidou a superar visões ligadas à “devoção privada ou falta dela”, bem como a um “facilitismo comodista”, apontando à “participação sacramental plena, interna e externa e frutuosa dos fiéis”.
“Exortamos, por isso, os responsáveis pela Pastoral Litúrgica das nossas comunidades, a começar pelos pastores da Igreja, a não se deixarem deslumbrar por propostas de efeito fácil, mas epidérmico, que distraem os fiéis do núcleo da liturgia sacramental e a acolherem de ânimo aberto as possibilidades de variação e adaptação previstas nos livros litúrgicos”, apelou.
O conferencista destacou que “a ação litúrgica não se pode reduzir a uma simples soma ou justa posição de sinais, palavras, gestos e ritos”.
“Isto, precisamente, porque nela atua o Espírito Santo, que nela torna Cristo presente e que floresce na igreja corpo de Cristo e templo do Espírito”, concluiu.
OC
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