Iniciativa debate mensagens da «Utopia» nos 500 anos da sua publicação
Lisboa, 23 nov 2016 (Ecclesia) – A Universidade Católica Portuguesa (UCP) promove o congresso internacional ‘Tomás Moro e o Sonho de um mundo melhor’, entre quinta-feira e sábado, em Lisboa, por ocasião dos 500 anos da obra ‘Utopia’.
“Será primeiro momento de ver quem é que ele foi, o que é que ele fez e depois vamos abordar perspetivas de um mundo melhor na sociedade, na cultura, na política, nas religiões, na economia, a banca ética”, explica Mendo Castro Henriques, da organização do evento.
À Agência ECCLESIA, o professor universitário destaca ainda temas que vão estar em debate como politica e cidadania e referiu que se vê “o conluio, a porta giratória, entre política e negócios”, uma situação que Tomás Moro, que foi o equivalente hoje ao primeiro-ministro inglês, “recusava completamente”.
“Não estamos a falar só do que aconteceu há 500 anos, estamos a falar sobretudo de postura de justiça social que a Igreja recomenda”, acrescentou, tendo recordado que a primeira intervenção do leigo inglês no parlamento foi para recusar impostos sobre as camadas mais pobres da sociedade.
O congresso ‘Tomás Moro e o sonho de um mundo melhor’ realiza-se na sede da UCP em Lisboa, e vai ter a participação de cerca de 75 especialistas nacionais e internacionais.
Mendo Castro Henriques observa que Tomás Moro “é uma figura incontornável” e nos 500 anos da obra ‘Utopia’ “ficaria desajustado” se a instituição de ensino superior “não evocasse” a sua vida e obra, olhando não só para o passado mas também para o presente e o futuro, “o que é que está presente das perspetivas” do santo católico inglês.
Segundo o investigador do Centro de Estudos de Filosofia da UCP, a coerência desta figura era acompanhada pela “alegria”, a expressão da alegria e da esperança, que venham a ser realizados, no sentido utópico, ideal.
“Verdadeiro apelo ao ideal tem de ser acompanhado dessa alegria interior de que se está no caminho certo”, observa.
O docente universitário comenta que utopia entrou no vocabulário como sinónimo de ideal que se pode chegar a algo “ou não mas do qual não” pode-se “abdicar quando há uma consciência ética e enquanto há exigência de trazer para a vida social a exigência da justiça”.
Mendo Castro Henriques recorda o “conhecido obelisco” junto ao Kremlin onde estavam os nomes revolucionários internacionais, entre os quais figurava Tomás Moro, em nono lugar.
O especialista indica ainda que no obelisco, que Vladimir Putin mandou derrubar e substituir em 2013, estava também o nome de “outro clérigo, Campanela [ndr. Tommaso Campanella, monge dominicano, Itália] também autor de uma utopia”.
São Tomás Moro patrono dos governantes e político foi canonizado pelo Papa Pio XI em 1935, “no contexto da afirmação antinazi da Igreja”, e tinha sido beatificado por Leão XIII, no contexto da afirmação da Doutrina Social da Igreja.
O santo inglês “é o representante da consciência humana”, na sua época, e “um homem para todas as estações” porque em tempos de crise “tinha um conselho” e na “facilidade uma crítica”, referiu ainda o investigador do Centro de Estudos de Filosofia da UCP, no contexto do congresso sobre ‘o Sonho de um mundo melhor’.
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