Lisboa: Testamento espiritual de D. Daniel Henriques assume doença como «missão episcopal»

Patriarcado publicou escritos de bispo auxiliar, falecido em novembro de 2022

Foto: Agência ECCLESIA/MC

Lisboa, 30 mar 2023 (Ecclesia) – O Patriarcado de Lisboa publicou hoje o testamento espiritual de D. Daniel Henriques, no dia de aniversário natalício do bispo auxiliar de Lisboa falecido aos 56 anos, em novembro de 2022, um texto que apresenta a doença como “missão episcopal”.

“Esta doença é uma nova missão que me convidas a abraçar, uma missão específica dentro do chamamento ao episcopado. Também isso me trouxe grande paz, Senhor: não encarar esta doença como uma limitação no ministério episcopal, mas antes uma forma de exercer o episcopado a que, Vós, nos Vossos insondáveis desígnios, agora me chamais”, escreveu o bispo auxiliar de Lisboa, na Quaresma de 2022.

D. Daniel Henriques recorda o processo desde a descoberta da doença, dez meses depois da sua nomeação episcopal em novembro de 2018, as “operações, os tratamentos, os tempos de internamento e convalescença, as dezenas de idas ao hospital para quimioterapia, exames e consultas”, mas sublinha a “nova missão” a que foi chamado desde que a sua doença se tornou pública: “a proximidade com quem mais sofre, o testemunho de confiança na adversidade, a experiência da alegria inefável que nasce da Esperança cristã, a certeza Pascal da vitória da Vida sobre a morte, a fecundidade da doença tornada dom salvífico, quando me uno a Vós”.

O bispo auxiliar foi sacerdote do Patriarcado de Lisboa durante quase 30 anos, tendo passado pelas paróquias de Famões, Ramada, Algés e Cruz Quebrada, Torres Vedras e Matacães, até ao ano de 2018, foi chamado ao episcopado.

“Confesso-vos Senhor, que demorou tempo a ter sobre tal um olhar verdadeiramente cristão. Uma profunda insegurança, medo, confusão e resistência interior, foram os primeiros sentimentos, demasiadamente humanos, que me assaltaram. Da minha doce e tranquila condição de pároco seria arrebatado para o mar encapelado de um futuro que verdadeiramente me apavorava”, pode ler-se.

O testamento espiritual de D. Daniel Henriques recorda o seu nascimento num “ninho de vida cristã” e os seus pais, “pessoas profundamente respeitadas por todos, não pelo seu património, instrução ou posição social, mas simplesmente pela sua forma de estar na vida”.

“Com eles aprendi a respeitar a honorabilidade do trabalho, o valor sublime da honestidade, da integridade e da lealdade, o respeito conjugal e a dedicação total à família”, recordou.

D. Daniel Henriques escreve ainda que foi marcado pela “pessoa e ministério de São João Paulo II”, a quem afirmou dever “as mais fortes interpelações vocacionais”, bem como as marcas que o “avançar da sua doença, o caminho de progressiva debilidade e o forte testemunho de grandeza espiritual” deixou até ao dia da sua morte.

Em Roma, em 2019, quando se deslocou para participar no consistório onde D. José Tolentino, “querido colega de curso, seria elevado ao cardinalato”, D. Daniel foi hospitalizado.

“Quis a providência que fosse intervencionado no hospital e fizesse a convalescença no mesmo piso e quarto onde São João Paulo II fora internado por ocasião do seu atentado”, escreveu.

Na Quaresma de 2022, durante o retiro anual dos bispos em Fátima, D. Daniel Henriques escreveu estar certo do seu falecimento nesse ano.

“Apenas Vos peço que, hoje e sempre, não afasteis de mim o Vosso olhar misericordioso e que a Vossa Graça me fortaleça no combate contra as investidas do Tentador que, «como leão, anda à nossa volta procurando a quem devorar» (I Pe 5,8). Ámen.”, termina.

LS

Óbito: Faleceu D. Daniel Henriques, bispo auxiliar de Lisboa

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Agência ECCLESIA

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