Lisboa: Santo António preparado ao longo de 13 dias com oração e música (c/vídeo)

Trezena sublinha dimensão espiritual e teológica do santo popular

Lisboa, 08 jun 2018 (Ecclesia) – O reitor da igreja de Santo António, em Lisboa, elogia a “tradição” de se promover uma trezena que prepara o “grande dia 13”, quase duas semanas de celebração que aliam música e cultura aos momentos de oração e reflexão.

Em declarações à Agência ECCLESIA, frei Francisco Sales observa que, “muitas vezes”, as pessoas identificam mais Santo António ao “santo popularucho, casamenteiro, milagreiro”, por isso é importante que o santo português seja apresentado noutra dimensão nas pregações.

“Esquecem-se que foi, se calhar, o maior intelectual português que nos deixou um património escrito, particularmente nos sermões, e por isso a sua fama se espalhou”, realça o sacerdote do Franciscano teólogo e doutor da Igreja.

O reitor da igreja de Santo António adiantou que este ano o pregador é frei Fabrizio Bordin, provincial dos Franciscanos Conventuais em Portugal, e realça que foi a primeira vez que convidaram um religioso de outra ordem da família da franciscana.

Segundo frei Francisco Sales, o contexto foram os 800 anos da chegada da ordem de São Francisco de Assis a Portugal fomentando uma “maior aproximação dos irmãos” que têm a mesma espiritualidade, mas que a “história dividiu”, e têm de “procurar linhas comuns para dar testemunho de unidade da Igreja”.

Na igreja de Santo António, em Lisboa, propriedade municipal, centram-se as festas para além da dimensão orante, o programa prevê uma vertente mais cultural, de música, com espetáculos que sempre que possíveis realizam-se no lugar de culto.

“É uma forma de pôr a dimensão religiosa dentro da vida, ao longo da história pôs-se a religião muito fora da vida concreta”, comenta o reitor.

Neste contexto, o sacerdote salienta que o tipo de música escolhida “leva até à interioridade” e “há fados religiosos lindíssimos”.

Até ao próximo dia 12 de junho, véspera da festa de Santo António, o fado leva ainda à igreja “grandes nomes” como as fadistas Lenita Gentil e Mafalda Arnauth, respetivamente, nos dias 10 e 11 de junho, e outros estilos musicais, como o jazz com o projeto ‘mano a mano’ dos irmãos André e bruno Santos, esta sexta-feira, ou a Academia de Amadores de Música com uma ópera do século XVIII, no dia seguinte.

O último concerto é da cantautora portuguesa Ana Free, que sai da igreja para a porta ao lado, no Museu de Lisboa – Santo António.

“Um centro de cultura que também é uma forma de preparar a festa e não ser só sardinhas e bailaricos”, destaca frei Francisco Sales.

O reitor da igreja de Santo António recordou também a dimensão da solidariedade com a venda do tradicional ‘Pãozinho de Santo António’, “que se vendem aos milhares” nesta época; o valor reverte para Obra Imaculada Conceição, destinada às crianças e existe há 70 anos.

Nascido no final do século XII, Fernando de Bulhões, que viria a assumir o nome de António, foi recebido entre os Cónegos Regulares de S. Agostinho em Lisboa e Coimbra, mas pouco depois da sua ordenação sacerdotal ingressou na Ordem dos Frades Menores, com a intenção de se dedicar à propagação da fé entre os povos da África.

O santo português, que morreu em Pádua, Itália, no ano de 1231, foi o primeiro professor de teologia na ordem fundada por São Francisco de Assis, e ficou famoso pelos seus sermões.

HM/CB/OC

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Agência ECCLESIA

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