Frei Jorge Marques lembra a proximidade e «grande amizade para com todos» do santo popular português
Lisboa, 13 jun 2025 (Ecclesia) – O reitor da igreja de Santo António, em Lisboa, explica que a capital de Portugal vive dias de festa, alegria e devoção ao redor do franciscano português que “é uma espécie de um santo de clínica geral”.
“É um dia de grande festa, e os dias que antecederam no convívio e, sobretudo, também na visita à igreja de Santo António, com grande alegria, com grande devoção”, disse frei Jorge Marques, em entrevista à Agência ECCLESIA.
O sacerdote da Ordem dos Frades Menores (/OFM), os Franciscanos, explica que, nestes dias dedicados a Santo António, quem chega à sua igreja na capital portuguesa são mais as pessoas da cidade, da Grande Lisboa, e “até de algumas partes do país que se deslocam de propósito para participar neste dia de grande festa”, as Missas estão “repletas de gente”, tiram até os bancos da igreja.
A 13 de junho, a Igreja Católica celebra anualmente a festa litúrgica de Santo António, padroeiro da cidade de Lisboa, onde nasceu em 1195, numa casa situada a poucos metros da Catedral.
Do programa religioso, segundo frei Jorge Marques, “o grande momento”, depois das Missas, e do ‘Pão de Santo António’, “é a procissão pelas ruas de Alfama, com algo curioso”, Santo António “vai andando e vai convidando os santos locais para integrarem na procissão”.
“Entra o andor de São João Batista, a seguir de São Miguel, depois de Santo Estevão, São Vicente e São Tiago. E parece que vamos ali todos em grande alegria, chefiados pelo nosso querido Santo António, até à Sé, onde concluímos essa procissão”, acrescentou, sobre o percurso realizado pelas ruas estreitas de Alfama, “ainda com os cheiros da noite anterior, com as sardinhas, as bifanas, e o resto que se vai comendo e bebendo”.
“Com bandas de música a acompanhar e a marcar o nosso ritmo de caminhada, com pequenas orações, cânticos, de uma expressão de alegria, de fé, de esperança, porque as pessoas vêm junto de Santo António com a sua vida, com as suas alegrias, mas também com as suas dificuldades, com familiares doentes, com aflições, com tantas coisas que estão a magoar o seu coração e não têm paz.”
O entrevistado realçou a “grande proximidade, grande amizade para com todos” de Santo António que “é uma espécie de um santo de clínica-geral”, não tem uma especialidade como outros santos, “uma missão mais concreta”.
“Santo António não tem nenhuma especialidade, é amigo dos pobres, dos aflitos, daqueles que estão aflitos porque perderam qualquer coisa”, referiu em entrevista ao Programa ECCLESIA, que é emitida hoje na RTP2, lembrando o ‘responso a Santo António’, oração “muito antiga”, do século XIII, “que se reza com devoção”, mas, também, “pedidos de intercessão, orações” que colocam “num recipiente na igreja”.
Na igreja lisboeta de Santo António, os Franciscanos também distribuem o chamado ‘Pão de Santo António’, “um pão simbólico que significa este pedir que não falte o alimento”, “sobretudo numa época em que as dificuldades de alimentação eram muito maiores do que hoje”, e que se guarda de um ano para o outro.
Sobre esta a dimensão solidária, frei Jorge Marques acrescenta que “reverte esse pãozinho para a ajuda real e concreta a grupos, a várias famílias, pessoas”, que distribuem “duas vezes por semana, “o pão dos pobres, litros de leite”, onde diferentes mercearias “vão tentando ajudar”.
O sacerdote, que ainda comentou a liturgia do próximo domingo, explicou que têm “consciência” que não resolvem “o problema da pobreza destas famílias”, às vezes, aparece também “uma fatura de eletricidade ou de qualquer coisa que não conseguiram pagar, uma receita médica”.
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