Lisboa: «Quais os cuidados que prestamos aos outros, sabendo que neles o Ressuscitado nos espera?» – D. Manuel Clemente

Cardeal-patriarca presidiu à celebração da Vigília Pascal

Lisboa, 09 abr 2023 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa pediu, na celebração da Vigília Pascal a que presidiu na catedral diocesana, que a fé na ressurreição de Jesus se traduza em gestos concretos de ajuda, por parte dos católicos.

“Quais os cuidados que prestamos aos outros, sabendo que neles o Ressuscitado nos espera, para nos dar vida em quem ajudarmos a viver?”, perguntou D. Manuel Clemente, na homilia da celebração, a que presidiu na última noite.

“Não podemos sair daqui como entramos, mas verdadeiramente pascais, pelas palavras que ouvimos e pelos ritos que celebramos”, prosseguiu.

O cardeal português sustentou que o mundo “pode e deve ser preenchido pela vida ressuscitada de Jesus”.

“Não o digo por dizer, mas porque o vejo a acontecer em muitas pessoas que vivem ressuscitadas na alma, entre tantos corpos mortificados pela dureza da vida. Pessoas que dão vida ou a restauram, esvaziando os túmulos pessoais ou sociais, culturais ou morais em que tantos são encerrados ou se deixam encerrar”, acrescentou.

Falando na cerimónia central do calendário católico, o responsável destacou o relato dos Evangelhos sobre a ressurreição de Jesus, como “Palavra da Salvação”.

As circunstâncias são várias, desde os momentos protegidos por José e Maria, que nem precisaram de muitas linhas para serem lembrados por Mateus e Lucas; aos daquela ‘primavera da Galileia’, em que Jesus anunciou a Boa Nova que trazia, fez milagres que a comprovavam, escolheu os doze e iniciou a Igreja que somos; e aos da sua subida para Jerusalém, que culminou no alto da Cruz em que se deixou crucificar para abraçar a cruz do mundo inteiro, passado, presente e futuro”.

D. Manuel Clemente questionou os católicos sobre o tempo que dedicam “realmente ao Ressuscitado”, no seu dia a dia, na oração, na meditação e na ajuda ao próximo.

“Tudo isto é certamente para contemplar, mas é sobretudo para vivermos, não ficando tolhidos por receio algum, mas superando-o pela procura de Cristo, mesmo nos ‘túmulos’ de vária ordem em que o queiram encerrar. Não o queiramos nós, por tibieza ou pouca fé”, indicou, numa homilia divulgada online.

Na verdade, podendo o Ressuscitado manifestar-se a quem queira e como queira, a sua descoberta implica necessariamente alguma morte, também em nós, porque a vida ressuscitada não é um regresso ao modo natural de ver e de viver, mas algo de inteiramente novo, que implica morrer com Cristo para com Ele renascer diferente. Não é um acrescento ao que ainda somos, é o princípio do que havemos de ser”.

O patriarca de Lisboa sustentou que há “sempre uma Páscoa a prosseguir” e com “pressa”, como aponta o tema da Jornada Mundial da Juventude que a capital portuguesa vai receber de 1 a 6 de agosto.

“Como acontecera com a Virgem Maria que, tendo concebido Jesus, foi depressa ao encontro de Isabel, sendo este também o lema da nossa Jornada Mundial da Juventude, pois de facto ‘há pressa no ar’, quando é Deus que se respira”, disse.

D. Manuel Clemente insistiu na necessidade do anúncio “vivo e solidário” da ressurreição de Cristo a todas “as pessoas e setores, em toda a quantidade e qualidade de problemas que a fragilidade humana ocasiona”.

OC

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Agência ECCLESIA

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