Ministério da Cultura fala de um dos edifícios mais «mais representativos para a cultura nacional» na arquitectura portuguesa do século XX
Foi hoje publicado em Diário da República o Decreto n.º 18/2010, do Ministério da Cultura, que procede à classificação como monumento nacional da igreja do Sagrado Coração de Jesus, em Lisboa.
A igreja, da autoria dos arquitectos Nuno Teotónio Pereira e Nuno Portas, que integravam o Movimento de Renovação da Arte Religiosa (MRAR), foi inaugurada a 25 de Junho de 1970, é uma das mais centrais da capital portuguesa e serve toda a cidade.
“A relevância deste imóvel como testemunho de importantes orientações estéticas e arquitectónicas dos anos 60 faz dele um dos mais representativos para a cultura nacional, no âmbito da arquitectura portuguesa do século XX, justificando -se, assim, a sua integral salvaguarda”, assinala o Ministério da Cultura.
Prémio Valmor de Arquitectura de 1975, “a Igreja do Sagrado Coração de Jesus é um edifício de referência no âmbito da arquitectura portuguesa do século XX”, refere o Decreto, segundo o qual “a igreja inova decisivamente no plano da concepção do espaço litúrgico”.
“A nave cerimonial faz parte de um complexo paroquial que compreende espaços dedicados ao culto, cripta, capelas mortuárias, auditório, secretaria, cafetaria e ainda áreas para actividades sócio -culturais, sendo dominada pela imponente parede nua da cabeceira que realça o altar”, pode ler-se.
Esta obra apresenta uma solução inovadora, encaixando o volume e as fachadas do templo com o resto da textura urbana, sem destruir a linha de fachadas que dão fisionomia à própria rua.
“O objecto arquitectónico desaparece como elemento isolado, dissolvendo -se na estrutura urbana do lote que se propunha completar. Em 1962, ano em que o projecto foi escolhido, esta atitude, que valorizava o urbano em detrimento do primado do «objecto arquitectónico», constituiu uma revolução no modo de pensar a arquitectura”, refere o Decreto do Ministério da Cultura.
“A qualidade ímpar da Igreja do Sagrado Coração de Jesus no panorama da arquitectura nacional pode ser reconhecida pela sua filiação numa estética neobrutalista, manifestada através do recurso a materiais como o betão armado, painéis e blocos pré-fabricados, que nos deu poucas obras, porém invariavelmente de enorme qualidade artística e cultural”, acrescenta o documento.
Os monumentos nacionais são objecto de “especial protecção e valorização, no quadro da obrigação do Estado de proteger e valorizar o património cultural”.