Lisboa: Patriarcado vai criar «grupo técnico» para salvaguardar direitos das instituições sociais

Incumprimento do Estado na atribuição de verbas está a pôr em causa a «sustentabilidade» de diversas IPSS da região

Lisboa, 01 mar 2014 (Ecclesia) – O Departamento da Pastoral Sócio Caritativa (DPSC) do Patriarcado de Lisboa vai criar um “grupo técnico” de apoio às instituições particulares de solidariedade social ligadas à Igreja Católica, para salvaguardar os direitos destes organismos perante o Estado.

Em causa, segundo o cónego Francisco Pereira Crespo, estão situações como o incumprimento em que o Estado tem incorrido na canalização de verbas essenciais para a sobrevivência das IPSS e para o desenvolvimento dos seus projetos junto das populações mais carenciadas.

“No caso dos centros sociais paroquiais, o Estado deveria colaborar com 75 por cento do custo médio de cada utente, e não chega aos 30 por cento”, referiu o diretor do DPSC, em declarações prestadas à Agência ECCLESIA.

O grupo técnico que está a ser definido vai “estudar toda a parte legal” que diz respeito ao relacionamento das IPSS com a administração central, desde “protocolos, acordos de cooperação e portarias até ao contrato coletivo de trabalho”.

A escassez de verbas nas IPSS do Patriarcado de Lisboa, que se tem agravado nos últimos “cinco ou seis anos”, tornou-se ainda mais evidente devido à situação económica dos utentes.

“Muitas famílias não podem pagar os apoios prestados, nomeadamente às crianças, que temos muitas, porque os pais estão desempregados ou o rendimento não chega”, realça o cónego Francisco Pereira Crespo.

A questão da “sustentabilidade” das IPSS foi um dos eixos abordados durante um encontro de agentes pastorais sócio caritativos, promovido pelo DPSC, que juntou na sexta-feira em Torres Vedras mais de 400 pessoas.

Durante o evento, dinamizado pelo patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, foram debatidos os desafios atuais das instituições sociais ligadas à Igreja Católica, que abrangeram também os eixos da “identidade” e da “formação”.

No que diz respeito à identidade, o cónego Francisco Pereira Crespo recorda que as IPSS católicas têm como principal missão “evangelizar pela caridade”, o que “nem sempre” acontece.

“Lendo, ouvindo e vendo uma grande parte das instituições da região, verifica-se que elas, mesmo sendo da Igreja, não têm nada da Igreja”, aponta aquele responsável.

Para mudar esta situação, o DPSC diz que é preciso “urgentemente promover um Serviço de Ação Social em cada paróquia, que proceda à animação e coordenação” dos projetos locais, adequando-os à “exigência” da fé cristã.

Ao mesmo tempo, quer apostar na criação de “um ideário que dê às instituições uma expressão da Igreja comunhão e evangelização”.

No que toca à questão da formação, ficou claro durante o encontro em Torres Vedras que as instituições apresentam lacunas ao nível da preparação dos seus recursos humanos.

Por isso o setor de Pastoral Sócio Caritativa do Patriarcado de Lisboa vai “promover um encontro anual de formação para as direções dos centros sociais paroquiais” e uma “formação direcionada aos leigos”.

“Há um imenso trabalho a fazer, inclusivamente com os utentes, na formação das crianças, dos pais das crianças, dos familiares dos idosos, ao nível das experiências sócio caritativas”, sustenta o cónego Francisco Pereira Crespo.

JCP

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