«A esperança quase que propõe uma nova gramática de compreensão da própria existência, do próprio ser humano» – D. Rui Valério
Lisboa, 09 out 2024 (Ecclesia) – O Patriarcado de Lisboa apresentou as “grandes linhas” do novo plano pastoral, marcado por eventos mas numa “pastoral de processos”, com a prioridade da “conversão missionária”, e do programa para o Jubileu 2025.
“Fundamentalmente, a esperança naquilo que de relevante e de relevância existe em termos de sociedade, em termos de comunidade”, salientou o patriarca de Lisboa, em declarações aos jornalistas, no final da apresentação, esta terça-feira, no Mosteiro de são Vicente de Fora.
D. Rui Valério destaca que têm “dois grandes propósitos”, a maneira como interpretam e abordam a realidade do dia-a-dia, “sem pessimismos, mas sempre com aquele sentir interior de que tudo está em caminho, tudo pode ser diferente e tem que ser diferente”, que existe sempre um outro ponto de vista e “uma outra perspetiva acerca de toda e de qualquer realidade”.
“A esperança quase que propõe uma nova gramática de compreensão da própria existência, do próprio ser humano, da vida e das suas vicissitudes, evitando pessimismos, evitando desespero e evitando uma resignação forçada”, realçou, acrescentando, por outro lado, que a esperança “é um princípio e um critério operativo que mobiliza para a ação”.
Na sua intervenção, D. Rui Valério alertou para a “mudança de época” que se vive na sociedade, um “tempo indecifrável”, uma “cultura de ameaça”, onde é preciso serem “artesãos da esperança”, por isso, a “estratégia da Igreja é a esperança”, que é uma estratégia que tem o “primado do amor” e “sintoniza com o bem”.
O padre Rui Pedro Carvalho, diretor do Secretariado da Acção Pastoral (SAP) de Lisboa, apresentou as “grandes linhas do plano pastoral” para o Patriarcado, o biénio 2024/2026, que vão viver ao ritmo do Jubileu 2025, com a “marca da Esperança”, e onde a prioridade é a conversão missionária.
O novo plano pastoral, com o tema ‘Caminhar na Esperança’ tem cinco verbos – acolher, escutar, sair, propor e comunicar – que são a concretização das quatro linhas orientadoras e dos 20 objetivos.
“Este plano é fruto também de um caminho sinodal, de envolver toda a diocese no discernimento de quais eram as linhas mais importantes e, claramente, é marcado pela esperança, é marcado também por termos o Ano Jubilar que é envolvido por estes dois anos pastorais”, explica o sacerdote à Agência ECCLESIA.
Neste contexto, o padre Rui Pedro Carvalho destacou também do plano as questões da sinodalidade, o “apelo a revitalizar as estruturas, os conceitos pastorais e outras estruturas diocesanas”, e da missão, formar paróquias para a missão, que “tem sido um dos focos quer do Papa Francisco, quer também do patriarca”.
“Paróquias que passem da pastoral da manutenção a uma pastoral mais missionária e, para isso, formar no acompanhamento, formar na escuta; paróquias, mas também comunidades, que sejam também lugares de acolhimento onde as pessoas se sintam pertença”, explicou o diretor do SAP, destacando ainda a dimensão dos jovens, após a JMJ Lisboa 2023, que “acolher e que se sintam t agentes e sujeitos da ação evangelizadora da Igreja”.
Dora Isabel Rosa, da Comissão Diocesana do Jubileu 2025, explicou que a esperança “é o que marca” o ano pastoral e, no Patriarcado de Lisboa, querem “levar a Esperança aos vários setores e às várias áreas da sociedade, da cidade e da diocese”. Do programa apresentado, onde tiveram preocupação de agendar um jubileu setorial por mês, e que não coincidisse com as datas apresentadas pelo Vaticano, destaca-se o “dia mais marcante, que pretende reunir toda a Diocese num único evento”, no dia 31 de maio de 2025. “Vão ter várias atividades, várias dinâmicas a acontecer em vários sítios da cidade, em Lisboa e também noutros concelhos da diocese, como Cascais e Oeiras. Esse vai ser o grande dia”, salientou Dora Isabel Rosa à Ecclesia. Ao longo do ano esta Igreja diocesana “vai respirar ao ritmo do jubileu”, e no Patriarcado vários setores vão ser chamados “a participar ativamente, a refletir”, vão ter congressos, exposições, espetáculos, cinema, debates. “Será, no fundo, a Igreja de Lisboa a levar à sociedade vários aspetos e a esperança, essencialmente, porque estamos num mundo muito carente de Esperança”, realçou. Para Dora Isabel Rosa, da Comissão Diocesana do Jubileu 2025, o Ano Santo é “uma excelente oportunidade da Igreja pegar e ir para fora, ir em missão, chegar a todos os que precisam de esperança”, e vão ter o Jubileu da Comunicação e da Cultura que é transversal ao ano inteiro, e estão a ser contactadas várias associações e até fundações para que possam disponibilizar os seus espaços para serem “lá realizadas essas exposições e todos esses debates que ajudam também a procurar o sentido das coisas no mundo de hoje”. O Patriarcado de Lisboa vai disponibilizar o plano pastoral na sua página na internet, onde criaram também um microsite dedicado ao Jubileu 2025 na diocese. |
CB/OC