Lisboa: Patriarca quer famílias cristãs «intervenientes e comprometidas»

D. Manuel Clemente participou em sessão pública do sínodo diocesano sobre «a crise do compromisso comunitário»

Lisboa, 22 jan 2015 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa considera que a renovação missionária da Igreja Católica passa pela capacidade de as famílias cristãs “encarnarem” devidamente a sua fé no mundo e o “compromisso” que ela implica.

Numa sessão pública integrada na preparação do Sínodo Diocesano, que uniu esta quarta-feira as localidades de Lisboa, Nova Oeiras, Alenquer e Peniche, D. Manuel Clemente salientou que “ainda há muito a fazer” nesse propósito e pediu “gente interveniente e comprometida”.

“A participação das famílias e dos casais na vida das comunidades, desde a preparação do batismo à preparação do matrimónio, ao sociocaritativo em geral, à formação dos adolescentes, há imensas coisas que se podem fazer” e que podem constituir “um grande contribuição para a sociedade em redor”, apontou.

Marcado para o final de 2016, o Sínodo Diocesano de Lisboa tem como tema “O sonho missionário de chegar a todos”, inspirado na exortação apostólica do Papa Francisco “A alegria do Evangelho”.

Até ao início das assembleias sinodais, as comunidades cristãs têm a possibilidade de dar o seu contributo para a reflexão, através de um conjunto de propostas que foram desenvolvidas.

Depois de um primeiro guião sobre “a transformação missionária da Igreja”, que segundo D. Manuel Clemente mereceu a reflexão de pelo menos “mil grupos formais e informais”, no próximo trimestre vai ser trabalhada a temática da “crise do compromisso comunitário”.

O patriarca de Lisboa classificou o Sínodo como “um grande desafio” para a Igreja diocesana, numa região com “cerca de dois milhões e meio de habitantes”, muitos deles vindos de “outros continentes” e que “ou não são cristãos, ou são de outros credos, ou não são de credo nenhum”.

Muitas destas pessoas “não conhecem sequer o essencial, o básico da fé cristã”, portanto “temos aqui um enorme campo missionário”, onde “o anúncio de Jesus Cristo obriga a fazer um exercício quotidiano de criatividade apostólica e de presença”, complementou.

Quanto ao tema do segundo guião, D. Manuel Clemente desafiou as pessoas a terem atenção ao n.º 88 da exortação “A alegria do Evangelho”, onde o Papa Francisco alerta para a tendência dos cristãos renunciarem “ao realismo da dimensão social do Evangelho”, que está em darem-se aos outros, “fechando-se na sua privacidade confortável”.

“A verdadeira fé no Filho de Deus feito carne é inseparável do dom de si mesmo, da pertença à comunidade, do serviço, da reconciliação com a carne dos outros. Na sua encarnação, o Filho de Deus convidou-nos à revolução da ternura”, pode ler-se.

Este é o ponto-chave que todos os cristãos devem ter em conta, apontou o patriarca, uma vez que “sem carne e sem incarnar, ninguém se compromete com nada”.

Aliás, foi “na carne que ganhou, através de Cristo”, que “Deus se comprometeu absolutamente com cada homem e mulher, com cada alegria e com cada choro de qualquer tempo e de qualquer espaço”.

“Esta é a grande novidade do cristianismo”, sustentou.

JCP

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