«No limiar de um novo ano académico, a Igreja põe-nos nos lábios o clamor mais sábio que podemos fazer: Vinde, Espírito Santo» – D. Rui Valério

Lisboa, 10 out 2025 (Ecclesia) – O magno chanceler da Universidade Católica Portuguesa (UCP) pediu à instituição “coragem de ser motor de transformação neste mundo”, e desejou que no novo ano o Espírito Santo “torne operativa a palavra e o saber; faça novas as coisas”, os conduza “pela santidade”.
“À universidade não se pede o devaneio de um mundo totalmente outro, mas a coragem de ser motor de transformação neste mundo: nos laboratórios e nas salas de aula, na gestão e na política científica, na cultura do campus e no serviço à sociedade”, disse D. Rui Valério, patriarca de Lisboa, esta sexta-feira, 10 de outubro, na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa.
O magno chanceler da UCP acrescentou que isso “implica” transformar o que já têm, nomeadamente “transformar o conhecimento em sabedoria”, ou seja, integrar saberes, cruzar disciplinas, “fazer perguntas morais e finais”, como a quem serve o projeto, “quem fica de fora, que impacto terá nos pobres, na casa comum, na paz”, e transformar a “competição em colaboração” e a técnica em cuidado.
“Peçamos, então: Espírito Santo, livra-nos da preguiça intelectual e do ativismo sem critério; converte a nossa palavra em acontecimento, a nossa vontade em serviço, a nossa perceção em verdade.”
Na homilia da Missa do Espírito Santo, enviada à Agência ECCLESIA, o patriarca de Lisboa, magno chanceler da Universidade Católica Portuguesa, alertou para estes tempos “em que se absolutizam perceções”, e perceções não são ainda verdade, “podem ser sombras de verdade ou projeções dos preconceitos”.
“O Espírito é «o Espírito da verdade» (Jo 16, 13): purifica o olhar, depura intenções, educa a mente e o coração para que a realidade seja lida com retidão. Na vida académica, isto traduz-se em hábitos concretos: rigor metodológico, abertura à crítica, honestidade ao citar, coragem para corrigir hipóteses, docilidade aos dados. A fé não nos dispensa do método; inspira-nos a exercê-lo com humildade e com amor à verdade”, desenvolveu.
D. Rui Valério realçou que a obra de Deus “não fica nas ideias: acontece”, e aquilo que Deus diz, “o Espírito realiza”, por isso, invocam-no neste início as aulas, das investigações, das publicações e das decisões, “para que o saber produzido nesta universidade se torne ação que cura, justiça que repara, cultura que eleva, ciência que serve”.
“No limiar de um novo ano académico, a Igreja põe-nos nos lábios o clamor mais sábio que podemos fazer: Vinde, Espírito Santo! Não pedimos apenas boas notas, projetos aprovados ou reputação institucional. Pedimos o Dom que tudo ordena e fecunda: o Espírito do Senhor, princípio de verdade, de transformação e de santidade.”
O magno chanceler da UCP, na Missa do Espírito Santo, salientou ainda que é o Espírito quem santifica, “unge a inteligência para a contemplação, robustece a vontade para o bem, alarga o coração para o amor”, e, nesta celebração no início do novo Ano Académico, convidou a pedirem essa “graça” da santidade para todos alunos, professores, investigadores, funcionários.
“A santidade tem linguagem concreta: oração diária (a começar por um simples Vinde, Espírito Santo), participação na Eucaristia, reconciliação frequente, atenção aos que sofrem no campus, tempo dado ao silêncio e ao estudo, retidão nas pequenas coisas”, acrescentou.
O patriarca de Lisboa terminou a homilia a desejar que o novo ano académico “seja tempo de graça”, e que o Espírito Santo “torne operativa a palavra e o saber; “faça novas as coisas” que têm nas mãos, e os conduza pela via “da santidade, onde a verdade se faz caridade e a caridade ilumina a verdade”.
CB/OC