D. José Policarpo diz que é preciso ouvir e compreender a realidade social num momento difícil
Lisboa, 14 mai 2011 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa apelou hoje à participação política dos jovens finalista universitários e ao “discernimento” diante da crise social e económica que afeta o país.
“Não precisamos de nos empenhar nas lutas partidárias, embora isso seja legítimo para os cristãos, para influenciarmos a política, isto é, o rumo de construção da nossa sociedade. Basta procurar uma compreensão profunda e alargada, baseada na busca da verdade, das realidades e dos desafios”, disse.
Na celebração de bênção dos finalistas que decorre na Alameda das Universidades, em Lisboa, D. José Policarpo sublinhou a importância de participar nas escolhas eleitorais, num momento em que se aproximam as legislativas, marcadas para 5 de junho.
“A convivência democrática, valor principal da organização da sociedade, assenta nessa verdade simples e exigente: são todos corresponsáveis no destino coletivo, pelo contributo que dão, pelas escolhas que fazem, por exemplo, quando são chamados a decidir, pelo voto, quem nos há de governar”, alertou.
O também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa convidou os jovens a “enfrentar o presente com coragem e lucidez”.
“E o presente não é apenas o vosso, é o de todo o nosso Povo. Isso supõe, antes de mais, discernimento, acerca de vós mesmos, acerca dos problemas da sociedade, acerca dos caminhos que desafiam a vossa generosidade e criatividade”, declarou.
Para D. José Policarpo, em “momentos difíceis” como o atual, “é importante que cada cristão possa compreender, o melhor possível, o que se passa, qual a natureza dos problemas”.
“Não basta o discurso dos políticos; é preciso ouvir outras vozes, variadas e, tantas vezes, contraditórias, o que torna indispensável a reflexão pessoal e a síntese interior”, apontou.
O patriarca de Lisboa destacou que existe “uma doutrina da Igreja sobre a pessoa humana e sobre a sociedade, que pode lançar luz sobre todos os problemas que nos preocupam e sobre a melhor maneira de nos organizarmos para tornar a nossa sociedade mais justa e mais fraterna”.
No final da homilia, houve espaço para uma citação do falecido presidente norte-americano John F. Kennedy: “Não perguntem apenas o que o País pode fazer por vós; perguntai primeiro o que cada um de vós pode fazer pelo nosso País”.
“Sede criativos nos projetos, solidários na busca de soluções. Não encontrareis nas formas já inventadas e conhecidas os únicos caminhos da vossa realização. O País ajudar-vos-á e aprenderá convosco”, disse o cardeal José Policarpo.
Segundo comunicado enviado à Agência ECCLESIA, participaram na celebração perto de 5500 finalistas de 50 escolas de Ensino Superior, numa assembleia de mais de 50 milp essoas entre estudantes, docentes e funcionários, pais, familiares e amigos dos finalistas.
A bênção de finalistas foi preparada em torno do lema/compromisso escolhido pelos finalistas – «Escuta o teu coração. Segue o teu dom, melhora o teu mundo» – a partir da reflexão do discurso de Bento XVI ao mundo da cultura, em Lisboa, em maio de 2010.
Os finalistas de cada escola apresentaram uma oferta, “de harmonia com a sua área de «Saber»”, para ser entregue a 25 instituições de solidariedade da diocese de Lisboa.
OC