Lisboa: Patriarca lembrou as cruzes de cada um e «as dores da humanidade», na celebração da Paixão do Senhor

«Só o amor expresso na Cruz do Senhor oferece razões de viver» – D. Rui Valério

Foto: Arlindo Homem (arquivo)

Lisboa, 18 abr 2025 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa disse que “a obediência de Cristo é esperança do mundo”, na celebração da Paixão do Senhor, onde explicou que na cruz “muitos viram fracasso”, mas aos olhos da fé “as promessas de Deus não falharam”.

“Nesta Sexta-feira Santa, cada um de nós traz consigo as suas cruzes: a dor de uma perda, o cansaço de um caminho, a solidão de um silêncio, a vergonha de um pecado. Estão aqui também as dores da humanidade: das vítimas do ódio, da violência e das guerras, que mancham de sangue e luto todo o mundo. Mas hoje, olhando para o Crucificado, sabemos: não estamos sozinhos”, assinalou D. Rui Valério, na Sé Patriarcal.

Na homilia enviada à Agência ECCLESIA, o patriarca de Lisboa afirmou que “a esperança cristã nasce na cruz”, não numa vitória exterior, “mas numa fidelidade interior, não numa fuga da morte, mas numa vida entregue”.

“Na cruz, muitos viram fracasso. Mas quem tem olhos de fé, vê cumprimento: as promessas de Deus não falharam, apenas foram além do que podíamos imaginar. Deus não libertou Jesus da cruz – libertou a humanidade n’Ele, através da cruz. E assim revelou o Seu amor inabalável pelos homens”, desenvolveu.

“Voltemos para Deus. N’Ele, cada pessoa individualmente ou em grupo, as famílias, os bairros, as aldeias e as cidades e toda a sociedade podem encontrar o fundamento para a labuta diária. Sem Deus, tudo é pequeno demais, pouco demais, mesquinho demais. Só o amor expresso na Cruz do Senhor oferece razões de viver.”

D. Rui Valério salientou que a obediência de Cristo “não é submissão cega, mas confiança plena e radical no Pai”, por isso é fonte de esperança, “porque Ele passou pelo sofrimento sem ceder à revolta, passou pela cruz sem renegar o amor”.

“A esperança cristã nasce deste sim de Jesus. Porque Ele obedeceu, nós podemos confiar. Porque Ele não fugiu, nós sabemos que não estamos sós no sofrimento”, realçou.

Na homilia da celebração da Paixão do Senhor, intitulada «Na cruz, Deus não desistiu de nós», o patriarca de Lisboa começa por explicar que “hoje, a Igreja cala-se”, não proclama, contempla.

“Hoje, a Palavra fez-se silêncio e o Verbo calou-se na cruz. Mas nesse silêncio de dor, escutamos a palavra mais profunda que Deus nos podia dizer: o Seu amor fiel até ao fim. Contemplamos Cristo suspenso entre o céu e a terra.”

D. Rui Valério explica que a “Cruz sustenta-O, porque Ele sustém todas as cruzes da vida”, a cruz, instrumento de suplício, torna-se trono de salvação, e a morte, “aparente derrota, torna-se início de uma vida nova”, por isso, nesta hora escura, resplandece a luz da esperança que não morre, e “a cruz não é o fim, é o cumprimento do Amor”.

O Patriarcado de Lisboa, através do seu gabinete de comunicação, explicou que o rito de Sexta-feira Santa inclui a Liturgia da Palavra com a proclamação da Paixão de Cristo segundo São João, a Oração Universal, em que a Igreja reza por diversas intenções, e a Adoração da Santa Cruz

CB

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