Lisboa: Patriarca latino de Jerusalém pede a Portugal que seja «embaixador» da causa dos cristãos da Terra Santa

É preciso que a União Europeia tenha «um papel mais efetivo no Médio Oriente», frisou D. Fouad Twal na Universidade Católica

Lisboa, 14 mai 2014 (Ecclesia) – O patriarca latino de Jerusalém desafiou hoje em Lisboa as autoridades políticas, sociais e da Igreja Católica em Portugal a serem “embaixadoras” no Ocidente da causa das comunidades cristãs da Terra Santa.

Numa conferência dedicada a esta temática, promovida pela Universidade Católica Portuguesa (UCP) e pela Ordem de Cavalaria do Santo Sepulcro de Jerusalém, D. Fouad Twal salientou a importância desta missão, numa altura em que “o foco do mundo já não está centrado” no conflito israelo-palestino e seus efeitos colaterais.

Para o patriarca latino de Jerusalém, Portugal deve enveredar esforços “no sentido de que a União Europeia tenha um papel mais efetivo no Médio Oriente, em termos político”, já que agora essa questão encontra-se sobretudo nas mãos dos “Estados Unidos da América e de Israel”.

“Convido-vos a serem embaixadores da paz, para que assim se descubra o seu poder no mundo”, exortou D. Fouad Twal na Sala de Exposições da Biblioteca Universitária João Paulo II, na UCP, numa iniciativa que contou com a presença, entre outras figuras, do patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, e do núncio apostólico da Santa Sé, D. Rino Passigato.

D. Manuel Clemente, que encerrou a sessão, encara o repto deixado pelo patriarca latino de Jerusalém como fazendo parte da responsabilidade que os cristãos do Ocidente, da Europa, de Portugal têm, em preservar a “herança” cristã, a “Igreja-mãe”, o local onde a história da salvação, com a “encarnação de Cristo”, começou.

“Uma ligação sempre a retomar, sempre a redescobrir” apontou o patriarca de Lisboa, sublinhando que esta preocupação pelo destino da Terra Santa, das suas comunidades e famílias, tem hoje de estar cada vez mais presente, não só junto das esferas de decisão mas a todos os níveis, inclusivamente o turístico.

“Gostaria que o atual movimento de retorno a Israel se tornasse gradualmente numa peregrinação, como uma obrigação particular que temos”, complementou.

Durante a iniciativa, D. Fouad Twal chamou particular atenção para problemas como a “ocupação” israelita aos territórios palestinos, os episódios de violência que se têm registado de ambos os lados, e seus efeitos nas comunidades cristãs.

Alertou ainda a opinião pública para a onda crescente de discriminação que tem caído sobre os cristãos da região, movida pelo “fanatismo” religioso, e que tem atingido Igrejas, bispos, sacerdotes e fiéis.

“Não é suficiente condenar, é preciso ir à raiz do problema, à educação dos jovens”, salientou o patriarca latino de Jerusalém, que acredita num futuro em que os “700 quilómetros de muros” existentes na Terra Santa, mas sobretudo os “muros do coração”, da “ignorância, do ódio, do medo, da incompreensão”, deem lugar ao “respeito” entre todos, a mais “liberdade e justiça”.

Atingida ao longo dos anos por permanentes conflitos e convulsões sociais, tendo como exemplo mais recente a Síria, a comunidade cristã do Médio Oriente – que chegou a representar 20 por cento da população do território, não ultrapassa atualmente os 3/4 por cento.

JCP    

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Agência ECCLESIA

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