Lisboa: Patriarca destaca devoção dos primeiros sábados como «escola para habitar o amor», em dia de centenário

D. Rui Valério presidiu a Eucaristia, onde lembrou «século mariano» que é, na realidade «o século de dois Corações»

Foto: Patriarcado de Lisboa

Lisboa, 11 dez 2025 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, assinalou esta quarta-feira, na igreja de Nossa Senhora de Fátima, na capital portuguesa, o centenário da devoção dos primeiros sábados, associando este acontecimento ao amor.

“Ninguém se torna construtor de paz apenas por querer a paz; torna-se construtor de paz quando aprende a habitar o amor. E os Primeiros Sábados são precisamente uma escola para habitar o amor: ao transformarem o coração, transformam a história; ao curarem a relação, desarmam a violência; ao educarem o tempo, libertam-nos da pressa e do vazio”, afirmou.

A 10 de dezembro de 1925, em Pontevedra (Espanha), aconteceu a primeira aparição do ciclo cordimariano de Fátima, na qual Nossa Senhora pediu à Irmã Lúcia de Jesus a reparação do seu Imaculado Coração através da devoção dos primeiros sábados.

“Celebramos hoje um acontecimento que é mais do que uma data: é um centenário de graça. Cem anos de história iluminados pelo olhar materno da Virgem Santa Maria, que desde Fátima acompanha, protege e guia o nosso povo como Mãe vigilante”, destacou D. Rui Valério, na homilia da Eucaristia.

Para o patriarca, “é impossível reler estes cem anos apenas com categorias humanas”: “A fé convida-nos a relê-los com os olhos de Maria, Ela que, como estrela da manhã, precede sempre o caminhar da Igreja”.

D. Rui Valério realça que “este século mariano é, na realidade, o século de dois Corações — o de Jesus e o de Maria — que procuraram incansavelmente os seus filhos”.

“Desde 1916, nas visões do Anjo, o Céu falava já desse amor atento às nossas súplicas; e, cem anos depois, damos graças porque a Mãe nunca se cansou de caminhar connosco”, referiu.

O dia de celebração foi também de súplica, uma vez que, segundo o patriarca, mundo ainda não aprendeu “plenamente os caminhos da paz”.

“Ainda não deixámos que a mansidão de Cristo cure as divisões; ainda não permitimos que a humildade de Deus transforme o mundo violento que criámos”, evidenciou.

O patriarca de Lisboa centrou-se na palavra “reparação”, presente no coração da mensagem de Fátima e que é muitas vezes “incompreendida”, no entanto defendeu que “bem compreendida no seu sentido profundo, ela é uma das vias mais belas do amor cristão”.

“Reparar não é ‘arranjar’ o que está partido, nem compensar Deus por uma dívida. Reparar é entrar numa comunhão de amor, numa sintonia coração a coração, em que o filho procura consolar a Mãe e unir-se ao seu sentir”, ressaltou.

D. Rui Valério definiu a reparação como “filial e confiante, nunca dramática ou culpabilizante: é o exercício mais puro da caridade cristã”.

“E quando vivida nesta chave, a reparação alcança o seu fruto mais precioso: gera paz interior, porque cura o que está ferido no coração; e gera paz comunitária, porque abre um espaço onde o amor pode recomeçar”, defendeu.

O patriarca de Lisboa indicou que a “devoção dos Primeiros Sábados traduz este caminho numa pedagogia concreta: confissão, comunhão reparadora, recitação do terço e quinze minutos de companhia a Maria”.

“Vivemos numa época em que as guerras, a violência e o medo parecem ocupar o centro da cena mundial. Mas os grandes males do mundo não nascem apenas de decisões políticas erradas; têm raízes mais profundas: o coração ferido, o orgulho que não quer ceder, a incapacidade de perdoar, a pressa que impede de amar”, disse.

D. Rui Valério recordou que a “Eucaristia constrói a comunidade, cura divisões, recentra no essencial e renova a caridade fraterna” e “o terço educa o olhar, treina a contemplação, permite-nos ver o mundo com os olhos de Maria e discernir no meio do ruído”.

Quanto à penitência, de acordo com o patriarca, “converte o coração, arrancando pela raiz os conflitos interiores que mais tarde se transformam em conflitos exteriores” e os quinze minutos com Maria curam a relação de todos “com o tempo”.

“Que este dia renove em nós a confiança filial; que aprendamos a reparar com amor; que vivamos os Primeiros Sábados como um caminho de cura, de conversão e de paz. E que, olhando para Maria, encontremos descanso — porque onde está a Mãe, renasce sempre a esperança”, concluiu.

Além desta Eucaristia, o Instituto Diocesano da Formação Cristã promove, no contexto do Centenário da Devoção dos Primeiros Sábados, uma jornada de estudo e reflexão, com uma série de palestras e apresentações.

LJ/OC

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