«Também para eles, morrer foi uma entrega, foi uma doação, foi um serviço», disse D. Rui Valério, na Missa presidida esta segunda-feira, na Igreja de São Vicente de Fora
Lisboa, 05 nov 2024 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa presidiu esta segunda-feira a uma Missa por todos os patriarcas, bispos, padres e diáconos defuntos, na Igreja de São Vicente de Fora, em Lisboa, afirmando que estes continuam a ser “mediadores da Igreja diocesana”.
“Os nossos queridos defuntos – e falando nós de bispos, de sacerdotes e de diáconos – continuam na senda daquilo que é a mais profunda mediação, continuam a interceder por nós”, disse D. Rui Valério, informa o Patriarcado de Lisboa.
Segundo o patriarca de Lisboa, os evocados “continuam a apresentar ao Pai” aquilo que são os “desafios”, as “necessidades da Igreja” e “aquilo que é o estado atual em que a comunidade cristã vive e permanece”.
“Se durante as suas vidas terrenas aquilo que foi o timbre dessa vida e dessa existência foi a entrega, foi o ser para os outros, essa mesma mística e esse mesmo carisma continua vivo neles e, através dessa vivência desse carisma deles, nós próprios somos vivos no coração do Pai. São nossos mediadores”, salientou.
D. Rui Valério desejou aos presentes que os dias sejam iluminados “por aquela palavra onde, superior ao bem próprio, ao bem pessoal e individual, subsiste e existe o bem pelo próximo, o bem pelos outros”.
“É esse testemunho que nós recebemos daqueles que hoje evocamos e homenageamos. Que eles intercedam por nós, pela Igreja de Lisboa, que eles intercedam para que sejamos uma Igreja de esperança, de serviço, uma Igreja que seja luz do mundo e sal da terra”, desejou.
No início da homilia, o patriarca de Lisboa referiu que “o cristianismo tem na morte o seu lugar fundador”: “Na morte não enquanto aniquilação total e absoluta do que é a vida, mas da morte como doação, como entrega, como oferta de si mesmo”.
D. Rui Valério lembrou que “para Jesus, não só a vida foi um viver para os outros, foi um doar-se perpetuamente, mas a própria morte, em Jesus, alcançou este mesmo dinamismo”.
“Jesus revela-nos que, com Ele e a partir d’Ele, morrer era um ato de consignação, era um ato de entrega total, absoluta, radical nas mãos d’Aquele que nos ama e nos ama profunda, incondicional e eternamente, que é o Pai”, destacou.
Assim, defendeu o patriarca, “tal como a vida e para a vida, também com a morte e para a morte é possível construir um significado, um sentido”.
“Neste dia em que nós fazemos memória, invocamos e, de certa forma, prestamos homenagem, com a nossa oração, àqueles que nos precederam – aos senhores bispos, aos sacerdotes e aos diáconos que serviram a Igreja no Patriarcado de Lisboa –, não procuramos tanto contemplar a sua condição na plenitude da glória da pátria eterna na comunhão definitiva dos santos”, frisou.
Segundo D. Rui Valério, para estes “irmãos”, a “respetiva morte foi preparada no seu significado, na sua densidade, no seu alcance, na sua identidade ela foi preparada e construída ao longo das respetivas vidas”.
“Para os irmãos que nós hoje invocamos, podemos referirmo-nos como nos estamos a referir para a morte de Jesus. Também para eles, morrer foi uma entrega, foi uma doação, foi um serviço. E esse serviço contempla-se naquela perpetuidade da sua oração, da sua vocação de mediadores, junto do Pai, pela Igreja, pelas comunidades cristãs. No fundo, por nós próprios”, sublinhou.
Promovida pela Irmandade de São Pedro do Clero do Patriarcado de Lisboa, a celebração contou com a participação do coro da Capella de S. Vicente (coro e órgão), com direção de Pedro Rodrigues, e no final, em procissão, a assembleia dirigiu-se ao Panteão dos Patriarcas, para um breve momento de oração.
No início da Missa, D. Rui Valério pediu que todos lembrem e rezem na Semana de Oração pelos Seminários, que decorre de 3 a 10 de novembro, em particular do seminários e dos seminaristas da diocese.
Além disso, D. Rui Valério revelou que, “em breve”, vai receber “indicações da Arquidiocese de Valência para uma ação de solidariedade no nosso Patriarcado”, na sequência das cheias que assolaram a região e que causaram mais de 200 mortos em Espanha, e pediu “orações” pelas vítimas.
LJ/OC