Mensagem lida na Missa Exequial evoca «pastor dedicado, zeloso e bom»
Lisboa, 05 nov 2022 (Ecclesia) – O Papa manifestou hoje “grande pesar” pela morte de D. Daniel Henriques, bispo auxiliar de Lisboa, numa mensagem que foi lida esta manhã na Missa Exequial, celebrada na Catedral da capital portuguesa.
“Recebida com grande pesar a notícia da morte de D. Daniel Batalha Henriques, que ainda pôde servir a esse Patriarcado como bispo auxiliar durante quatro anos, o Papa Francisco encomenda a Deus misericordioso este pastor dedicado, zeloso e bom, que agora partiu para o Céu, fazendo saber que a todos levava no coração”, refere o texto, dirigido ao cardeal-patriarca de Lisboa e lido pelo núncio apostólico em Portugal, D. Ivo Scapolo.
“Juntamente com as suas condolências, para familiares enlutados, o Santo Padre une-se ao senhor cardeal, com o seu povo, e a quantos participam nas celebrações exequiais, vividas na esperança do nosso futuro comum com este nosso irmão, no seio da Santíssima Trindade, e concede-lhes a bênção apostólico”, acrescenta a mensagem, enviada através do secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin.
D. Daniel Henriques, que se encontrava internado numa unidade de Cuidados Paliativos, faleceu na madrugada de sexta-feira, vítima de doença.
D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa, referiu hoje à Agência ECCLESIA que a melhor homenagem a D. Daniel Henriques é “a ação de graças pelo trabalho que ele fez e que acreditamos continua a fazer, agora onde está, com Cristo”.
O responsável evoca uma “maneira cristã e tão convincente de viver” do falecido auxiliar, que marcou a sua ação pastoral, fazendo “da sua própria doença um trabalho episcopal”.
“É muito convincente o seu modo de ser cristão, de ser pastor, e por isso está connosco”, concluiu.
O padre Vítor Gonçalves, pároco em Lisboa, entrou no seminário no mesmo dia que D. Daniel Henriques, 5 de outubro de 1982.
“Aquilo que eu recordo é uma grande serenidade, sempre, um gosto e uma alegria de estar com os outros, um amor muito grande à Igreja”, disse.
O sacerdote acompanhou a evolução da doença, detetada no início do ministério episcopal do auxiliar de Lisboa, falando de um homem “bom” e um “amigo no céu”.
“Esta bondade é traduzida no amor à Igreja, à missão, a paixão que tinha pelas missões, as geminações de paróquias que fez, era um construtor de igrejas. Ele colocava, à sua volta, as pessoas a fazer o que lhes era próprio”, assinala.
O padre José Miguel Pereira, reitor do Seminário Maior de Cristo-Rei dos Olivais, convidou a “dar graças a Deus pelo bom pastor” que o falecido bispo foi, na sua vida, deixando a sua marca nas comunidades que serviu e na formação dos seminaristas.
“A melhor homenagem é agradecer muito o coração de pastor que ele teve”, prossegue, recordando que se cruzou com o então recém-ordenado padre Daniel Henriques no Seminário de Almada, como aluno.
Teresa Oliveira, antiga paroquiana da Ramada, no Patriarcado de Lisboa, recorda a ligação de D. Daniel Henriques à fundação do agrupamento do Corpo Nacional de Escutas.
“Se hoje sou escuteira, foi por ele. Foi uma presença muito marcante na minha vida, hoje é um dia de perda e, ao mesmo tempo, de grande emoção, de grande gratidão”, acrescenta.
Armando Oliveira, diretor Nacional do Stella Maris (Apostolado do Mar), setor acompanhado por D. Daniel Henriques, recordanuma nota enviada à Agência ECCLESIA a “clarividente visão” do falecido bispo.
“Todos estamos vivos para Deus, porque para Ele não há mortos, e assim permanecerá o Senhor D. Daniel para nós, nas palavras que nos deixa, no exemplo e no serviço que nos presto”, refere.
A Missa exequial é presidida por D. Manuel Clemente, seguindo o corpo para a Igreja Paroquial de Santo Isidoro, onde chega pelas 16h00, sendo sepultado no cemitério local.
Natural de Ribamar, Paróquia de Santo Isidoro e Concelho de Mafra, Daniel Batalha Henriques nasceu em 1966, foi ordenado diácono em 1989 e padre no dia 1 de julho de 1990, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa
A colaboração na Equipa Sacerdotal do Seminário Patriarcal de São Paulo, em Almada, foi um dos primeiros trabalhos pedidos ao padre Daniel Batalha, que integrou também o Conselho Presbiteral desde a década de 90, primeiro em representação dos padres novos, depois do setor dos seminários e vocações e atualmente do Cabido da Sé de Lisboa.
Em 1997 iniciou funções como pároco na região de Loures, em 2005 foi nomeado para a paróquia de Algés e depois, em 2010, para a de Cruz Quebrada, até iniciar o trabalho em Torres Vedras, em 2016.
No Patriarcado de Lisboa, o padre Daniel Henriques foi também diretor espiritual do Seminário de Cristo Rei dos Olivais, responsável pelo Serviço de Animação Missionária e membro do Cabido da Sé Metropolitana Patriarcal de Lisboa.
Nomeado bispo auxiliar de Lisboa, com o título simbólico de ‘Acquae Tibilitane’ (antiga diocese no território da atual Argélia), a ordenação episcopal decorreu no dia 25 de novembro de 2018, no Mosteiro dos Jerónimos.
PR/OC