Lisboa: «Não podemos viver esta Semana Santa sem que esta esperança se traduza num grito, numa prece e numa oração pela paz» – D. Rui Valério

Patriarca evocou todos os «feridos por guerras, pela pobreza, pelo isolamento, pela exclusão»

Foto: Coro da Catedral de Lisboa

Lisboa, 13 abr 2025 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa apelou hoje à oração pela paz, no caminho para a Páscoa, sublinhando a importância de passar uma mensagem de esperança à humanidade.

“Não podemos celebrar esta Páscoa, não podemos viver esta Semana Santa sem que esta esperança se traduza num grito, numa prece e numa oração pela paz: paz no mundo, paz na Ucrânia, paz na Terra de Jesus”, disse D. Rui Valério, na homilia da Missa do Domingo de Ramos, enviada à Agência ECCLESIA.

“Esta paz que o Senhor quer instaurar é a paz da mansidão, é aquela paz que só é verdadeira e plena se começar no coração de cada ser humano, de cada pessoa e, não o podemos não dizer, no coração de cada um dos dirigentes políticos do mundo”, acrescentou.

Na celebração que marca o início da Semana Santa, o responsável católico falou de um dia “luminoso e dramático”.

“Luminoso, porque iluminado pela alegria do acolhimento e da aclamação de Jesus como Rei, pelas multidões; dramático, porque esse mesmo povo que grita «Bendito o Rei que vem em nome do Senhor» acabará por gritar «Crucifica-o. Crucifica-o»”, precisou.

A Eucaristia contou com a leitura do relato da Paixão de Cristo, a partir dos capítulos 22 e 23 do Evangelho segundo São Lucas, após ter começado com a evocação da entrada messiânica de Jesus em Jerusalém.

Segundo D. Rui Valério, esta narrativa é atravessada pela “esperança”.

“Não uma esperança ingénua, que fecha os olhos à dor, mas aquela esperança cristã que nasce da cruz, que brota do coração trespassado de Cristo. A esperança que não desilude porque tem fundamento no amor fiel de Deus”, sustentou.

O patriarca de Lisboa recordou o Ano Santo que o Papa convocou, dedicado ao tema da esperança.

“O Jubileu não é apenas um marco no calendário: é uma oportunidade de renovação, um tempo de graça, um novo recomeço. E neste Domingo de Ramos, vemos como Jesus entra em Jerusalém não como um guerreiro, mas como o Rei da paz, o Rei da esperança”, observou.

O nosso mundo precisa desta esperança. Quantos vivem desiludidos, cansados, feridos por guerras, pela pobreza, pelo isolamento, pela exclusão. Quantos perderam a confiança no futuro. O Jubileu é tempo de recordar que Deus nunca se cansa de nós, que a misericórdia é sempre possível, que a fraternidade é um caminho onde que os homens se encontram para a escuta e o diálogo”.

O responsável destacou que, com o seu exemplo, Jesus quis mostrar que “o verdadeiro poder se revela no serviço, e a verdadeira glória, na cruz”.

Num olhar sobre a realidade nacional, D. Rui Valério pediu que se criem “caminhos de esperança” para os jovens, pensando “num amanhã que ofereça dignidade, justiça e equilíbrio

“Que esta Semana Santa seja, para cada um de nós, um tempo de conversão e de renovação, um tempo de passos seguros no caminho que percorremos, um tempo de silêncio e de oração. Caminhemos com Jesus, levemos com Ele a cruz do nosso mundo e de toda a humanidade, e deixemo-nos renovar pela certeza de que Cristo ressuscitou verdadeiramente. Não sejamos meros espectadores, mas participantes ativos, pois a nossa esperança está viva”, concluiu.

A Igreja Católica inicia, com o Domingo de Ramos, a Semana Santa, momento central do ano litúrgico, que recorda os dias da prisão, julgamento e execução de Jesus, culminando com a Páscoa, celebração da ressurreição de Cristo.

OC

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