Lisboa: «Museus precisam de linguagem comum» e de ser «democratizados», afirma Joana Santos Coelho

Coordenadora do Mosteiro de São Vicente de Fora, no Patriarcado de Lisboa, formada em História de Arte, revela a sua paixão pelo «contexto» dos artistas, pelas razões que conduzem à criação, e fala da «felicidade» de proporcionar conhecimento

Foto: Agência ECCLESIA/MC

Lisboa, 20 ago 2025 (Ecclesia) – Joana Santos Coelho, coordenadora do Mosteiro de São Vicente de Fora, do Patriarcado de Lisboa, afirmou hoje a necessidade de uma “democratização” dos museus, contrariando o seu “elitismo” e aproximando o conhecimento do grande público.

“Os museus, a meu ver, ainda são muito elitistas. Há um longo caminho a fazer pela sua democratização. Precisam de uma linguagem comum, sem aqueles palavreados elaborados e apresentar uma programação diversificada. O público não acarinha os museus, mas a culpa não é sua”, conta à Agência ECCLESIA.

“Quando encontramos um grupo, temos de o cativar. Depois de uma visita guiada, quando temos alguém à nossa frente feliz por saber mais, é fantástico. Saber mais torna as pessoas felizes. Estamos assim a democratizar o conhecimento”, acrescenta.

Coordenadora do Mosteiro de São Vicente de Fora, no Patriarcado de Lisboa, explica a importância de diversificar ofertas para diferentes públicos, sendo as visitas noturnas um exemplo desse esforço.

Com formação em História de Arte, e com diversos espaços museológicos no seu percurso profissional, Joana Santos Coelho percebeu que era seduzia pelo contexto criativo do artista e não tanto o significado da criação e do impacto do público.

“O que eu gostava mesmo era de ir investigar o que é que outras pessoas já tinham feito de bom e ficar por aí. Eu permanecia no espanto e depois perguntava-me como é que alguém podia fazer algo assim, questionava-me o seu ‘background’ e o percurso da pessoa até chegar ali”, explica.

Joana Santos Coelho, natural da Silveira, uma localidade próxima do Externato de Penafirme, local onde estudou e que assume como estruturante no seu crescimento, dada a relação com professores e a oportunidade de criar dentro e fora do espaço de aula.

“É uma escola pública ou privada, católica, onde tínhamos uma relação muito próxima com os professores. Nem todos são católicos, uns sim, outros não, mas alguns dos professores marcaram-nos muito e não tanto pelo que se passava dentro das salas de aula, mas também pelo que se passa fora: o clube das flautas, criarmos grupos de oração para os intervalos, irmos a Taizé”, recorda.

O seu crescimento na paróquia da Silveira, o seu envolvimento com os grupos de jovens e atividades onde o pároco participava, foram o convite para o desenvolvimento dos eu compromisso com a Igreja: “Foram nas relações, no Externato e nas viagens a Taizé que vivi experiência intimas com Deus”,

Aos 15 anos, um problema na coluna obriga Joana Santos Coelho a parar para uma cirurgia, para uma permanência na cama de dois meses e a usar um “colete de gesso”.

“Quando o meu corpo devia estar a ganhar forma, na adolescência, formas bonitas, acontece o contrário. A minha imagem era a corcunda de Notre Dame. Foi revoltante”, recorda.

A sensação de revolta deu lugar a uma enorme necessidade de viver, que Joana Santos foi perseguindo durante a sua juventude, quer a levou a durante os estudos de Historia de Arte a mudar-se para Lisboa, para usufruir “da vida académica e de todos os museus e igreja sonde pudesse entrar”, e a fazer um estágio em Florença, na área do restauro, e a viajar pela Europa.

“A vida é boa! É para ser vivida”, resume.

A conversa com Joana Santos Coelho pode ser escutada no programa ECCLESIA, na Antena, emitido depois da meia-noite, e disponibilizado no podcast «Alarga a tua tenda».

LS

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