Lisboa: Monumentos «à memória» de D. Alexandre do Nascimento são «consciência viva encarnada nos ideais de todo um povo», afirmou patriarca

D. Rui Valério recordou um «pastor próximo do seu presbitério e de todo o povo», na Missa de Sétimo dia

Foto Patriarcado de Lisboa

Lisboa, 04 out 2024 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa presidiu à Missa de sétimo dia de falecimento de D. Alexandre Nascimento, arcebispo emérito de Luanda e cardeal mais velho da Igreja, onde lembrou uma vida dedicada aos outros, à paz e a devoção mariana.

“O Cardeal Alexandre do Nascimento viveu uma vida onde cabe não apenas a história do seu percurso de existência, mas também a história contemporânea de Angola e do seu povo, a quem ele amava e sentia como parte integrante de si mesmo, e a quem servia com abnegada dedicação”, disse D. Rui Valério, ao final da tarde desta sexta-feira, na Basílica da Estrela.

O cardeal Alexandre do Nascimento, arcebispo emérito de Luanda (Angola), faleceu aos 99 anos de idade, no dia 28 de setembro; o patriarca de Lisboa presidiu hoje à Missa de sétimo dia.

“Os monumentos que se erguem à memória do que foi e do que fez D. Alexandre não são feitos de pedra, nem de argamassa erguidos em praças, avenidas ou rotundas, mas são consciência viva encarnada nos ideais de todo um povo, inspiradora da magna carta da constituição, configuradora de um sentido de nação, nutriente de uma Igreja que seja hospital de campanha para acolher todos e sarar todas as feridas.”

D. Rui Valério, segundo a homilia enviada à Agência ECCLESIA, destacou que a dedicação do arcebispo emérito de Luanda “aos últimos, aos sem voz levá-lo-ia a desenvolver uma ação de solidariedade assente no direito e no amor”, “a restituição aos pobres daquilo que aos pobres pertence”.

Sobre o cardeal mais velho da Igreja, o patriarca afirmou que a sua história se desenvolveu “num permanente contexto de afirmação da verdade e, por isso, na senda do essencial”, o nome de D. Alexandre do Nascimento está associado aos “passos decisivos do longo e laborioso processo da instauração da paz e da promoção da justiça”.

Na homilia na Missa de Sétimo dia de falecimento do arcebispo emérito de Luanda, o patriarca de Lisboa recordou o “pastor” próximo do seu presbitério e de todo o povo, “estava atento, e ainda, de cada um conhecia a história, as dificuldades e os problemas”.

“Os valores porque pautou a sua ação apostólica plasmaram o rosto da Igreja angolana, uma Igreja aberta, hospitaleira, abraçada pela opção preferencial pelos mais pobres.”

D. Rui Valério destacou também a “relação de proximidade, devotada à Virgem”, D. Alexandre do Nascimento era profundamente mariano, “Nossa Senhora de Fátima e a sua espiritualidade apoderou-se do seu coração”, e Nossa Senhora também “o atraiu, já com a veneranda idade de 88 anos, para a Ordem dos Pregadores” (Dominicanos).

O patriarca de Lisboa observou que a vida do arcebispo emérito de Luanda “foi de santidade”, na medida em que “agia e se compreendia a si próprio, na sua identidade de Bispo e de homem, a partir do Fundamento dos fundamentos que é Deus”.

CB

 

 

 

O Papa Francisco expressou a sua comunhão pelo falecimento do arcebispo emérito de Luanda (Angola), um “homem corajoso e livre”.

O presidente de Angola, João Lourenço, manifestou “profunda consternação” pela morte do cardeal Alexandre do Nascimento, “um homem bom que consagrou grande parte da sua vida a transmitir aos seus, valores e princípios para uma vida em dignidade, de perdão e de respeito ao próximo”.

Em Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa evocou o “seu antigo colega da Faculdade de Direito, notável personalidade angolana e figura da Igreja Católica”, que deixou “uma intensíssima vida de quase um século”, como “teólogo, filósofo e humanista”.

D. Rui Valério já tinha publicado uma nota de pesar, agradecendo “todas as graças derramadas por meio do seu trabalho incansável pela Igreja e de serviço à sociedade”.

Foto: Presidência da República de Angola

O cardeal Alexandre do Nascimento faleceu aos 99 anos de idade, no dia 28 de setembro de 2024; nasceu em Malanje, a 1 de março de 1925, e foi ordenado padre em Roma, onde estudou, a 20 de dezembro de 1952.

De regresso a Angola, foi professor de Teologia e jornalista, entre outras missões, antes de ser exilado de Angola em 1961, passando a residir em Lisboa; dez anos depois, o então sacerdote voltou a Luanda, onde assumiu funções como secretário-geral da Cáritas de Angola e presidente do Tribunal Eclesiástico de Luanda.

A 10 de agosto de 1975, Paulo VI nomeou-o bispo de Malanje, tendo sido ordenado a 31 do mesmo mês, na Catedral de Luanda; a 3 de fevereiro de 1977, foi nomeado para a nova Sé Metropolitana do Lubango.

A 15 de outubro de 1982 foi raptado – durante uma visita pastoral – por um grupo de homens armados, que o libertaram a 16 de novembro seguinte.

Foi criado cardeal a 2 de fevereiro de 1983, por São João Paulo II, o Papa polaco nomeou-o arcebispo de Luanda a 16 de fevereiro de 1986, tendo permanecido nessa missão até 23 de janeiro de 2001.

Em 2010, o então presidente da República Portuguesa Aníbal Cavaco Silva condecorou o cardeal angolano com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo, distinguindo o papel de D. Alexandre do Nascimento na reconciliação nacional e no apoio aos mais desfavorecidos, em Angola.

Notícia atualizada às 09h26, com o local da celebração

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Agência ECCLESIA

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