Lisboa: Missa do padroeiro da cidade, São Vicente, celebrou os 25 anos de ordenação episcopal de D. Manuel Clemente

Carlos Moedas valorizou a capacidade de «interseção» entre a cultura e a proximidade a todos os cidadãos do patriarca emérito, que «contacta e conecta com toda a população»

Lisboa, 22 jan 2025 (Ecclesia) – D. Rui Valério presidiu hoje à Missa do padroeiro da cidade, que celebrou também os 25 anos de ordenação episcopal de D. Manuel Clemente, homem que “contacta e conecta com toda a população”, disse o presidente da Câmara de Lisboa.

Em declarações à Agência ECCLESIA, Carlos Moedas referiu-se ao patriarca emérito como “um homem que tem uma interseção muito interessante entre a sua parte mais intelectual, mais filosófica, obviamente com a Igreja que é a sua casa, mas também com o povo”.

“Ele é um homem que vai para além da religião, é um homem que contacta e conecta com toda a população, seja ela de outra religião ou a população que é laica e que não tem nenhuma ligação à Igreja”, afirmou.

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa valorizou a capacidade de ir “mais longe” do patriarca emérito e, na Missa de homenagem pelos 25 anos de ordenação episcopal, lembrou a “maior marca” de D. Manuel Clemente em Lisboa, que foi a realização da Jornada Mundial da juventude.

“Foi ele que trouxe para Portugal a Jornada Mundial da Juventude, foi ele que esteve na génese que a Jornada Mundial viesse para o nosso país e que o Papa Francisco aqui estivesse”, lembrou.

A Missa presidida pelo atual patriarca de Lisboa, que celebrou o mártir São Vicente, padroeiro principal da cidade e da diocese, contou com a presença das entidades autárquicas e foi uma ocasião do Patriarcado prestar homenagem a D. Manuel Clemente.

D. Rui Valério disse à Agência ECCLESIA que Lisboa quis manifestar gratidão a D. Manuel Clemente por tudo o que ele “ofereceu e deu” à diocese, que “não foi só uma obra incomensurável de evangelização”, mas também as pontes que estabeleceu com a cultura, “levando os valores e os princípios da fé e do Evangelho a todas as franjas da sociedade”.

“Aquilo que todos nós mais admiramos no senhor D. Manuel é que ele deu dando-se, ou seja, foi o seu próprio ser, a sua identidade que fez de tudo isso oferta, sempre baseado – e é uma outra marca da sua personalidade espiritual – na pessoa e na figura de Jesus Cristo”, sublinhou.

D. Manuel Clemente referiu que acolheu a homenagem “com simplicidade” e evocou todos os que o acompanharam no ministério episcopal.

“Agradeço, antes de mais, ao senhor patriarca, por se ter lembrado, mas também a todos aqueles e aquelas – foram tantos – que me encaminharam para este serviço da Igreja, que eu tentei corresponder, umas vezes melhor, outras vezes pior, e, portanto, pedindo perdão por umas coisas e dando graças a Deus por outras, é assim que estou”, afirmou.

No início da Missa, o núncio apostólico, que concelebrou com o clero do patriarcado e a presença de muitos diáconos que servem na diocese, assim como numerosos bispos de Portugal, comunicou uma mensagem do Papa Francisco, que agradece a “longa e diligente missão” de D. Manuel Clemente.

Na homilia da Missa, o patriarca de Lisboa apresentou à Diocese de Lisboa o mártir São Vicente como uma figura que se enquadra na peregrinação jubilar da esperança” que a Igreja Católica está a vive no Ano Santo, e referiu-se à “sua opção de servir os pobres, como pobre”.

“Para além de ter dado forma à caridade, no serviço aos pobres, com quem partilhava pão e roupas, condição e destino, e pelo martírio, São Vicente também encarnou o dinamismo da esperança”, afirmou D. Rui Valério.

O patriarca de Lisboa recordou “uma significativa possibilidade de renovação” a partir do exemplo do padroeiro da cidade, “totalmente apoiados na certeza do amor”.

Só no amor reside o dinamismo esperançoso de renovar e transformar o mundo, a sociedade e a cultura das cidades como Lisboa”.

D. Rui Valério lembrou que a civilização atual está “num embaraçoso impasse”: “deseja-se renovação, mas faltam as forças para a realizar; almejam-se transformações, mas não existem referências de inspiração; sente-se, na alma, uma atroz insatisfação, mas já não se luta contra esse vazio niilista interior, pois parece que nada o pode preencher”.

O patriarca de Lisboa referiu-se a São Vicente como um “apóstolo da esperança e arauto da centralidade de Cristo na história e na vida das pessoas e dos povos”, que nunca se deixou “vencer pela oposição ao amor”.

“Hoje, tal como em muitos outros momentos e épocas, a epopeia do serviço, da entrega, da gratuidade, não embate só no exacerbado individualismo cultural, que é causa para tanta exclusão, nem apenas choca num doentio sentido de autossuficiência, expressão de enorme solidão, mas tem de enfrentar toda uma visão cultural, antropológica e política, de desvalorização do empenho pelos outros, da solidariedade”, afirmou.

D. Rui Valério denunciou uma “contracorrente que atropela a corrente da vida, do sentido de comunidade, de proximidade e de pertença”, um “esvaziamento do altruísmo” e disse que a “cultura obsoleta do ‘salve-se quem puder’ parece prevalecer, mesmo onde seria de esperar gratuidade e espírito de entrega”.

O patriarca de Lisboa apontou a esperança como uma força “capaz de recriar, do vazio ético e antropológico, caminhos de vida e de fraternidade”.

No fim da celebração, o patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, ofereceu a D. Manuel Clemente uma imagem de São Vicente do século XVIII, sinal de gratidão de todo o Patriarcado.

PR

 

Lisboa: D. Manuel Clemente celebra 25 anos de ordenação episcopal (v/vídeo)

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