Anos de paragem, por causa da pandemia, reforçaram entusiasmo e trouxeram novos desafios
Lisboa, 11 jun 2022 (Ecclesia) – A marcha de Carnide regressa à Avenida da Liberdade, este domingo, depois de dois anos de paragem forçada pela Covid-19, celebrando o espírito de “comunidade e amizade”.
Teresa Martins, presidente do Teatro de Carnide, que organiza esta marcha, numa das freguesias mais antigas de Lisboa, explica à Agência ECCLESIA que o desafio é encontrar “coisas novas” numa longa história, entre tradição e modernidade.
“Há grandes ícones de Carnide, como a Senhora da Luz, que já foi trabalhada de várias maneiras”, exemplifica, mas a ideia é “explorar a riqueza dos bairros de Carnide”, levando-os à cidade.
Este é um trabalho feito numa relação de “comunidade e amizade”, em muita proximidade com os marchantes, que ajudam a “passar a palavra” e levam a iniciativa a mais pessoas.
A devoção ao santo popular é uma marca permanente, embora não seja verbalizada, como “alguém que protege”.
“No Teatro, temos um Santo António, todo o ano”, refere Teresa Martins, que fala numa figura com “muitas caraterísticas de comunidade” e uma história muito peculiar.
Neste regresso à Avenida, a marcha de Carnide vai celebrar a vida de Amália Rodrigues.
Teresa Martins admite que os dois anos de paragem geraram um entusiasmo renovado, no início da preparação, mas o cansaço dos ensaios mostrou “quebras de laços, de relação entre pessoas”.
“Estes dois anos foram difíceis”, sublinha.
Fátima Monteiro, que desfila por Carnide há mais de 25 anos e vai ser a porta-estandarte de 2022, diz à Agência ECCLESIA que esta é a sua “marcha do coração”.
“É gratificante, muito gratificante”, confessa.
Mário Guerra marcha há 22 anos, por Carnide, onde nasceu e cresceu, e diz que Santo António não fica só nos arraiais: “Fica nos nossos corações, a magia de Santo António está por todo o lado”.
A Igreja Católica celebra a 13 de junho a festa litúrgica de Santo António, que nasceu em Lisboa no final do século XII e se tornou uma figura global da Igreja Católica.
Ainda em Portugal, Fernando, que viria a assumir o nome de António, foi recebido entre os Cónegos Regulares de S. Agostinho em Lisboa e Coimbra, mas pouco depois da sua ordenação sacerdotal ingressou na Ordem dos Frades Menores [Franciscanos], com a intenção de se dedicar à propagação da fé entre os povos da África.
O santo português, que morreu em Pádua, Itália, no ano de 1231, foi o primeiro professor de Teologia na ordem fundada por São Francisco de Assis, tendo ficado famoso pelos seus sermões.
O Papa Gregório IX canonizou-o apenas um ano depois da morte, em 1232, também após os milagres que se verificaram por sua intercessão.
Pio XII, em 1946, proclamou Santo António como Doutor da Igreja, atribuindo-lhe o título de “Doutor evangélico”.
A festa de Santo António, com as suas várias dimensões, está em destaque na próxima emissão do Programa ’70×7′, este domingo, na RTP2, pelas 17h30.
SN/OC