Conclusões das interpelações de 24 convidados são apresentadas este sábado, em Chelas
Lisboa, 13 abr 2016 (Ecclesia) – Os movimentos da iniciativa ‘Escutar a Cidade’ querem uma Igreja de Lisboa pós-sinodal integradora, ativa na justiça, na participação, na luta contra a pobreza, como “resposta às preocupações” de intervenientes não-cristãos, que ouviram ao longo de seis meses.
“Gostaríamos muito que o sínodo fosse um momento em que a Igreja diocesana percebesse e publicamente pedisse perdão por muitos que excluímos”, disse Jorge Wemans à Agência ECCLESIA.
O membro do grupo dinamizador da iniciativa ‘Escutar a Cidade’ sublinha que é preciso “ganhar essa consciência” de que se põe pessoas “à margem das comunidades” com as quais se devia “caminhar e acolher”.
Por isso, no Sínodo diocesano – ‘O sonho missionário de chegar a todos’ – “seria importante perceber “quais os mecanismos que dentro da Igreja põem as pessoas fora”, afinal este é um momento em que a Igreja de Lisboa vai “reunir, pensar e desenhar linhas para o futuro”.
A iniciativa ‘Escutar a cidade’, dinamizada por 30 movimentos e organizações católicas, escutou não católicos, de várias áreas da sociedade, em sessões públicas entre janeiro e junho de 2015, como contributo para a reflexão do sínodo.
A igreja de São Maximiliano Kolbe, em Chelas, Lisboa, vai acolher este sábado, as conclusões que vão ser apresentadas por três convidados que vão comentar o documento na perspetiva de “partilhar o que esperam, sonham que seja a Igreja diocesana do pós-sínodo”.
O documento, explica o entrevistado que integra o Movimento dos Profissionais Católicos (Metanoia), não pretende “ser tanto a síntese do escutado mas a resposta” que os 30 movimentos e organizações católicas dão e pensam sobre o que escutaram.
“Erradicar a pobreza, a crise económica e os seus efeitos”, que foi muitas vezes referido, é apresentado como uma de três áreas “prioritárias” na ação da Igreja diocesana.
“Parece-nos que é uma aposta clara que a Igreja de Lisboa deve fazer. O termo pode parecer forte, erradicar, fazer desaparecer. É um objetivo que não é para amanhã mas um compromisso que o sínodo devia afirmar solenemente”, revela.
Neste contexto, Jorge Wemans observa que o catolicismo diz que as pessoas não vivem para “uns serem pobres e outros ricos, uns terem trabalho e outros não”, uns viverem os benefícios da sociedade e da civilização “e outros serem excluídos”.
“Deve levar os católicos a envolverem-se na definição de políticas públicas que sejam capazes de contribuir para erradicar a pobreza”, acrescenta sobre uma reposta a dar “em consonância com a sociedade”.
A Igreja deve contribuir para “afirmar o pluralismo e diversidade de opiniões” como “um bem social, ajudando a reduzir a crispação” dos diferentes pontos de vista.
Jorge Wemans, do grupo dinamizador da iniciativa ‘Escutar a Cidade’, destacou ainda mais três prioridades apresentadas pelos convidados: A “importância da Bíblia”, um “património cultural” com as “suas histórias, poemas, livros poder ser um estímulo e muito atual”.
Também é preciso “libertar o futuro”, depois de cerca de cinco anos de vida em que as pessoas foram “impedidas de o pensar”: “Por termo ao fechamento cultural que não há nada a fazer, nada a pensar, a imaginar, apenas afirmar-se derrotado perante a força da realidade.”
Por fim, o entrevistado refere que gostavam que o sínodo de novembro “abrisse linhas claras” para a afirmação que hoje “comunicar a fé” se relaciona com as expressões artísticas contemporâneas, com a arte como “lugar de expressão das inquietações, das esperanças”.
PR/CB