Bispo maronita e visitador Apostólico para a Europa Ocidental e Setentrional está em Portugal para receber relíquia São Charbel, monge maronita libanês

Lisboa, 06 dez 2025 (Ecclesia) – O bispo D. Maroun Nasser Gemayel disse hoje que a Igreja em Lisboa “ganharia muito com o perfume oriental” da tradição maronita, com a “vida e identidade cristã” que os cristãos de Antioquia preservam.
“Nós gostaríamos de permanecer, de pertencer à igreja maronita, porque é a nossa vida, é a nossa identidade, é a nossa identidade cristã oriental. A igreja de Lisboa ganharia mais se o bouquet de flores fosse preenchido com a nossa presença e o nosso perfume oriental”, disse à Agência ECCLESIA o Visitador Apostólico para a Europa Ocidental e Setentrional.
D. Maroun Nasser Gemayel está em Portugal para acompanhar a chegada da relíquia de São Charbel, monge maronita libanês, declarado santo pela Igreja Católica, a Portugal e a inauguração oficial da Associação São Charbel Connosco.
“Ele faz muitos milagres para todos, para todas as religiões, para qualquer pessoa que peça, que solicite a sua oração e a sua intervenção. As relíquias de São Charbel serão instaladas na igreja de São Paulo, e estamos muito felizes hoje por viver esta alegria com a Igreja de Lisboa, com o Patriarca, mas também com os poucos libaneses ou árabes, cristãos, que estão instalados em Lisboa entre vós”, explicou.
O responsável deu conta que São Charbel é “muito apreciado” na tradição maronita, e que também Leão XIV, na sua recente deslocação ao Líbano, se recolheu em oração, junto do túmulo, no mosteiro, em Amnaya.
D. Maroun Nasser Gemayel recordou a visita do Papa ao Líbano, “país que está doente pelo ambiente que o rodeia”.
“O Líbano está doente por causa dos problemas da terra, dos problemas de todos os países da terra. Porque todos olham para este país e todos pensam em resolver os seus problemas. O Líbano é uma terra santa. Não é só a Palestina que é uma terra santa. O Líbano também é uma terra santa. Eles procuram a paz, procuram a segurança, porque vivem num clima que não é saudável. Há muitos problemas. E entre os cristãos, mas também entre o mundo muçulmano”, afirmou.
O responsável quis lembrar os gestos de Leão XIV com os jovens e com os doentes, e a sua mensagem de “pureza, santidade e de paz”.
“A ideia de paz segue seu curso na vida. Mas é preciso tempo. É preciso tempo, é preciso oração. E nós estamos aqui para orar”, indicou.





A presença da relíquia de São Charbel, monge maronita libanês, em Portugal e a Associação São Charbel Connosco, inspirada pela vida e espiritualidade de São Charbel Makhlouf, que tem como “missão promover a fé, a unidade e o serviço através da oração, da liturgia e do envolvimento comunitário”, são passos importantes no estabelecimento de uma comunidade em Portugal.
O padre Tiago Melo, pároco da igreja de São Paulo, assinala a “diversidade de povos e tradições” que o Cais do Sodré, local onde está localizada a igreja, reconhece e por isso receber a comunidade maronita e os libaneses confirma o “coração universal” de São Paulo.
“A comunidade implica conhecer o diferente, não porque vão trazer com eles também um outro rito, que é o rito maronita, mas também, sobretudo, apresentar para a comunidade que eles querem agora iniciar um curso de danças folclóricas, de culinária própria do Líbano, ensinar árabe, porque já são filhos, muitos deles já vivem em Portugal há muitos anos e os filhos já não têm experiência com o árabe. A comunidade paroquial abre-se a esse novo horizonte, que também será espaço educacional para estes, que se estende às outras culturas, aos outros povos, a todas as pessoas”, dá conta à Agência ECCLESIA.

O responsável explica que o Cais do Sodré acolhe atualmente “muitas línguas”.
“Era preocupação do nosso patriarca, D. Rui Valério, acolher bem estas comunidades que recorrem até nós, neste encontro de corações, a comunidade libanesa também com a comunidade portuguesa, significando este coração universal, aberto e de acolhimento a todos”, sublinhou.
Numa compreensão “multicultural” da cidade, o padre Tiago Melo fala no contributo de pessoas “dedicadas, preocupadas com o bem-estar, o bem comum”, e que a sua presença visa construir uma “sociedade melhor”.
Uma vez por mês a igreja de São Paulo vai acolher uma celebração em rito maronita, “ainda em horário a ser divulgado”, onde se espera construir um espaço de “cultura”.
“Esperamos um bom número de libaneses, de pessoas que vão a correr para visitar a relíquia de São Charbel, obviamente, mas para uma vivência ativa na paróquia, porque uma de nossas preocupações é que não seja apenas um lugar de passagem, mas de comunidade”, indica.
O patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, que participou na celebração liturgia que se realizou na igreja de São Paulo, lamentou que as sociedade ocidentais estejam “mergulhadas no bem-estar e no materialismo”, mas indicou que a vida do homem é realizada em Deus.
“Vivemos o ano da esperança. A esperança não é nenhuma expectativa. A esperança não é só permitir e confiar que o amanhã será melhor do que o hoje. A esperança é uma porta aberta ao presente, com a luz e com a certeza da eternidade. A esperança é uma janela aberta, que traz o céu para a terra”, afirmou.
LJ/LS
