Lisboa: Igreja de Santa Beatriz da Silva nasceu há 20 anos e vai celebrar aniversário expondo relíquia à veneração

Frei Tibério Zílio conta a história do espaço e aborda os desafios que se apresentam à missão dos frades franciscanos conventuais na região

Foto: Unidade Pastoral de Chelas

Lisboa, 31 out 2025 (Ecclesia) – A igreja de Santa Beatriz da Silva, em Chelas, na Diocese de Lisboa, celebra este sábado 20 anos da dedicação, com a exposição de uma relíquia, constituindo-se hoje uma referência para a população e para quem necessita de ajuda.

O pároco, frei Tibério Zílio, conta que a igreja foi consagrada a 1 de novembro de 2005 por D. José Policarpo, patriarca de Lisboa na altura, sendo esta uma obra que a população esperava há muito tempo, quando se celebravam Eucaristias numa pequena capela de um edifício situado na rua Rui de Sousa, que hoje acolhe a Comunidade Vida e Paz.

“Desde 1976 a 2005 foram 30 anos de trabalho com os vários administradores e o pároco Inácio Belo a impulsionar”, diz o sacerdote, mencionando que e é “sempre interessante ver como nos momentos de dificuldade”, nomeadamente económicos, “há uma união”.

“É o trabalho que une efetivamente os corações”, salienta o pároco de Vale de Chelas e Santa Beatriz da Silva.

Em entrevista ao programa ECCLESIA, transmitido hoje na RTP2 (15h), o frei Tibério Zílio dá conta que o bairro do Vale de Chelas caracteriza-se hoje por ter uma população envelhecida, que a igreja serve através o Centro Social e Cultural de Santa Beatriz que tem duas valências: centro de dia e serviço de apoio domiciliário aos idosos.

“Está bastante animado, estamos a ter bastantes utentes e atividades também de inserção e ligação com escolas e no território, saídas para os museus”, indica.

O sacerdote testemunha que, apesar de haver novas famílias, “nem sempre são visíveis na comunidade cristã”.

Foto: Agência ECCLEISIA/MC

“Acho que o desafio para nós freis e paroquianos é mesmo este aqui: ver como dar a conhecer a igreja, abrir as portas para que todos se possam sentir acolhidos e depois também com as famílias e os jovens, além dos idosos e as famílias pobres, como dinamizar para viver e crescermos na comunhão”, apontou.

O sacerdote da Ordem dos Frades Menores Conventuais reconhece que a antiga capela “era mais central” e que igreja de Santa Beatriz da Silva se encontra hoje mais na periferia, identificando que esta “pode ser uma dificuldade” para chegar a mais pessoas.

“Mas, naturalmente, era o lugar que o pároco encontrou naquela altura, um grande espaço para poder juntar a igreja e também os anexos pastorais, catequese, cartório e também uma pequena parte de residência para hóspedes, além do salão para as festas e um bastante extenso recinto para as festas”, refere.

Se por um lado, “é pobre de jovens”, por outro, indica frei Tibério Zílio, a igreja “é rica de associações culturais”.

O pároco destaca que no sábado é tempo de “agradecer ao Senhor com alegria pelos 20 anos”.

“Agora temos esse desafio de nos abrir ainda mais para nos dar a conhecer e estarmos acolhedores e integrados, mais integrados com o bairro”, disse.

Foto: Paróquia de Santa Beatriz da Silva

O 20ºaniversário da dedicação da igreja vai ser assinalado com uma Eucaristia presidida pelo patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, pelas 10h, no Dia de Todos os Santos, que vai incluir, no final da celebração, a bênção de uma relíquia de Santa Beatriz, doada pela abadessa do Mosteiro da Imaculada Conceição de Campo Maior, a 23 de outubro de 2005.

“Ficou guardada até agora, juntamente com as relíquias dos santos pastorinhos, de Fátima, no altar onde celebramos as Eucaristias. E chegou o momento para que fique exposta à veneração do povo, como era efetivamente a intenção da abadessa quando nos entregou”, realçou.

O programa do dia inclui um almoço, no salão paroquial, e a exibição do filme “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce – Uma comunidade unida para construir”, no mesmo local.

Sobre a presença dos frades franciscanos conventuais em Portugal, o frei Tibério Zílio contextualiza que a chegada teve lugar Coimbra e que, em 1982, foi possível expandir a Lisboa, no Vale de Chelas, através do patriarca D. António Ribeiro.

O sacerdote da Ordem dos Frades Menores Conventuais relata que na época existia apenas a paróquia de Marvila, que se dividiu em duas: São Maximiliano Kolbe Vale de Chelas e de Santa Beatriz da Silva.

“Nós tentamos ser presença franciscana, ou seja, buscadores de Deus e também portadores de Deus e da sua esperança”, assinalou.

“Como? Vivendo na realidade paroquial, duas paróquias, portanto, atualmente, na simplicidade evangélica, que para nós significa sermos menores e estarmos ao lado das pessoas, principalmente as mais desfavorecidas e afastadas da sociedade, por várias razões, levando Jesus e também aprendendo deles, dos pobres, a encarar a vida com sobriedade e confiança”, completou.

Foto: Paróquia de Santa Beatriz da Silva

O pároco assume como desafio de hoje a “falta” de juventude em “ambas as paróquias”, mas reconhece que não é problema único dos Frades Menores Conventuais.

“Como é que uma comunidade cristã pode mostrar o rosto acolhedor a fim de que os jovens se sintam em casa e com criatividade possam mexer para continuar a construir a comunidade e fazer nova história, realizando o sonho de Deus? Esta é a nossa pergunta que nos interpela e nos convida a ir à frente com esperança”, concluiu.

A Unidade Pastoral de Chelas é orientada pelos Frades Menores Conventuais que tentam viver o Evangelho ao jeito de s. Francisco de Assis: “A Regra e a Vida dos Irmãos Menores é esta: observar o santo Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, vivendo em obediência, sem nada próprio e em castidade”.

Beatriz da Silva, nascida em Campo Maior, viveu desde os 14 anos em reclusão no mosteiro de São Domingos, em Toledo (Espanha), onde ganhou fama de santidade; foi canonizada pelo Papa Paulo VI, a 3 de outubro de 1976.

PR/LJ/OC

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