D. Manuel Clemente apelou à resolução dos problemas «humanamente e com respeito mútuo»
Lisboa 28 fev 2022 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa disse hoje numa vigília pela paz que os problemas entre a Rússia e a Ucrânia devem ser resolvidos “humanamente e com respeito mútuo”, afirmando-se convicto no futuro do país vítima do ataque militar russo.
“Há futuro para a Ucrânia”, afirmou D. Manuel Clemente durante a vigília “Jovens pela Paz”, promovida esta noite na igreja de São Domingos, em Lisboa.
“Temos a certeza de que estamos agora ainda mais profundamente com os nossos irmãos que são assolados pela guerra e por tudo aquilo que infelizmente está a acontecer no Leste da Europa. Estamos com eles porque estamos com Deus e Deus está lá”, afirmou o cardeal-patriarca de Lisboa.
Aa vigília “Jovens pela Paz” foi promovida pelo Comité Organizador Diocesano de Lisboa da Jornada Mundial da Juventude, o Serviço Diocesano da Juventude e a Pastoral Universitária diocesana.
Em declarações aos jornalistas no início da vigília, D. Manuel Clemente disse que há uma “força anímica” que pode ajudar ao fim do conflito e apelou à resolução dos problemas na região do Leste da Europa “humanamente e com respeito mútuo”.
“Acreditamos que com a população da Ucrânia, com pessoas que, mesmo dentro da Rússia, se manifestam contra esta invasão, quer com gente de todo o mundo, tudo isto é uma carga anímica forte que pode ajudar para que o conflito cesse o mais depressa possível e para que a paz volte a existir. E se houver problemas a resolver que se resolvam como seres humanos e não desta maneira tão brutal”, afirmou.
O cardeal-patriarca expressou a sua proximidade aos “amigos da Ucrânia”, tanto os que vivem em Portugal como “aqueles que neste momento mais sofrem com a invasão russa”, afirmando a necessidade de acolher e participar em “tudo oque for preciso para a ajuda material” aos povos vítimas da guerra.
“Reforçamos os laços que são de solidariedade humana e de companhia espiritual”, lembrou, referindo que o futuro na região “infelizmente é bastante imprevisível”.
D. Manuel Clemente valorizou o trabalho da Cáritas na região e das congéneres que “mobilizam todos os esforços” para “ajudar lá” e para receber os refugiados ajudando os ucranianos que procuram acolhimento fora do país a “a ter uma vida condigna nestes tempos difíceis”.
Para o cardeal-patriarca de Lisboa, não se devem “extremar os campos” e, mesmo que politicamente estejam extremados, “humanamente não estão”.
“Também na Rússia há muita gente que está contra esta invasão. Se há problemas para resolver, que se resolvam da melhor maneira: humanamente e com respeito mútuo”, insistiu D. Manuel Clemente.
João Clemente, responsável do Serviço da Juventude do Patriarcado de Lisboa, que promoveu a vigília “Jovens peça Paz”, disse que a oração foi uma “proposta aberta a todos”, que contou com a participação de outras confissões religiosas para juntos rezarem pela paz e manifestarem a solidariedade com a juventude ucraniana e russa.
“Estamos completamente solidário com o sofrimento do povo solidário e com os jovens que são obrigados a lutar sem o quererem. Quisemos não rezar só pelo povo ucraniano, mas rezar também por todos os jovens russos que estão numa guerra que não queriam, que não desejam. Os jovens não querem a guerra, querem a paz”, afirmou.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades.
A invasão russa foi condenada pela maior parte da comunidade internacional.
Este sábado, o Papa conversou ao telefone com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyi, informou o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni.
A Embaixada da Ucrânia no Vaticano adiantou, numa nota divulgada através do Twitter, que Francisco manifestou a sua “mais profunda dor perante os trágicos eventos” que acontecem no país do leste europeu.
Na noite desta sexta-feira, o Papa telefonara ao arcebispo-mor de Kiev, D. Sviatoslav Shevchuk, líder da Igreja Greco-Católica Ucraniana, para se informar sobre a situação do país.
Horas antes, o Papa tinha visitado a Embaixada da Rússia junto da Santa Sé para manifestar a sua “preocupação” com o conflito na Ucrânia.
PR