Comunidade islâmica compromete-se a trabalhar com católicos na educação das pessoas para uma «coexistência pacífica e solidária»
Lisboa, 27 out 2011 (Ecclesia) – A Família Franciscana Portuguesa rezou esta tarde com a Comunidade Islâmica, a favor da paz, na Mesquita Central de Lisboa, numa iniciativa inserida na comemoração dos 25 anos do encontro inter-religioso da cidade italiana de Assis.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o Xeque David Munir realçou o caráter “inédito” do evento, considerando-o como “mais um passo” para a “abertura ao diálogo, à tolerância e compreensão entre todos os povos, independentemente da crença de cada um”.
“É uma honra receber a congregação franciscana e serve também como mais um exemplo que Portugal tem vindo a dar já que, graças a Deus, não há conflitos religiosos aqui”, frisou o líder da comunidade islâmica nacional, composta por cerca de 60 mil pessoas.
Depois de um primeiro momento em que foi lido “O Decálogo de Assis para a Paz”, com católicos e muçulmanos a comprometerem-se a “educar as pessoas para uma coexistência pacífica e solidária”, seguiu-se uma oração conjunta dentro da Mesquita.
Para o frei Vitor Melicias Lopes, tratou-se de uma ocasião natural de convívio, já que “o franciscanismo, pela sua história, tem encontrado uma certa preferência pela relação afetuosa com os irmãos islâmicos”.
“Entre todos os seres humanos, de todas as sociedades, temos que ser os primeiros a proclamar a urgência da paz”, recordou.
Dentro do mesmo espírito, o Papa Bento XVI realizou hoje um novo encontro com líderes das diversas religiões, na cidade de Assis (Itália), onde apelou a uma união entre todos para acabar com a violência e o terrorismo.
Segundo o Xeque David Munir, o problema da violência e do terrorismo “não é entre religiões mas sim entre os seus seguidores, que têm de evitar todo o tipo de agressividade e conflito”.
“Se Deus não quis que todos nós tivéssemos uma só religião, quem sou eu para querer isso?”, realçou aquele responsável, para quem “se um muçulmano levanta a mão contra um não muçulmano, ele é o maior criminoso”.
O presidente da Família Franciscana lamentou que “muitas vezes, sejam os interesses políticos, económicos ou outros”, que não a religião, a “constituir situações contrárias à paz”.
“Todas as religiões têm uma vocação de paz universal, quer com seres humanos quer com as outras criaturas”, concluiu.
JCP