Pais e irmã do novo auxiliar de Lisboa vieram da Madeira para a ordenação episcopal, tal como o presidente desta Assembleia Regional, que olha para momento como «afirmação da região no exterior»
Lisboa, 16 fev 2025 (Ecclesia) – D. Rui Gouveia foi este domingo ordenado bispo na igreja do Mosteiro de São Vicente de Fora, na presença da família, que acredita que o historial de contacto com diferentes culturas vai ajudar o novo auxiliar no ministério episcopal.
Maria da Paz Gouveia, irmã do novo bispo, disse em declarações à Agência ECCLESIA que o facto de os dois terem nascido em Joanesburgo, África do Sul, serem filhos de pais emigrantes da Madeira, levou-os a contactar com “muitas etnias”, “muitas raças”, “muitas culturas” e “tradições muito diferentes”.
O colégio onde os irmãos estudaram permitiu que os dois conhecessem “pessoas de todo o mundo”, estando inseridos em turmas nas quais podiam trocar experiências da cultura, línguas e comidas diferentes.
“Nós também contribuímos com aquilo que tínhamos, e fomos enriquecidos pela cultura de todos os outros, e se calhar, esta é uma grande vantagem de conseguir perceber melhor os outros”, uma vez que se tem a “perceção do que é importante”, refere Maria Gouveia.
Centenas de pessoas assistiram à celebração da ordenação episcopal de D. Rui Gouveia, entre elas os pais e a irmã do novo bispo, que se deslocaram da Madeira.
A irmã do novo auxiliar de Lisboa diz que “é uma grande alegria” e “uma grande satisfação” olhar para a Igreja a “ser renovada”, com “vocações mais novas”.
“Se nós já éramos uma família orante, a partir do momento em que ele [D. Rui Gouveia] foi nomeado, sentimos ainda mais esse peso, esse chamamento para a oração, para poder sustentar as vocações, quer sacerdotais, quer as episcopais”, salienta.
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Maria Gouveia conta que desde “tenra idade”, família apercebeu-se que havia “algo especial” no novo bispo auxiliar, só não sabiam que a vocação era sacerdotal, no entanto com o tempo e a caminhada feita no dia a dia, ano após ano, “o Senhor foi revelando e confirmou”.
A 10 de dezembro de 2024, o Papa nomeou D. Rui Gouveia, de 49 anos, como bispo auxiliar de Lisboa, que era até ao momento membro do clero da Diocese de Setúbal.
Família encarou a nomeação com “espanto, surpresa, alegria, um misto de sentimentos”, sentindo ao mesmo tempo uma “grande responsabilidade”, conta a irmã do novo auxiliar, acrescentando que tal não provocou “divisão, antes pelo contrário, maior comunhão e sobretudo a alegria do Nosso Senhor chamar a servir numa função tão nobre”.
Maria Gouveia acredita que o irmão vai ser como bispo aquilo que já é como pessoa, “uma pessoa generosa, atenta, sensível, amiga, solidária”, “aquele que está pronto a ajudar”, alguém “de profunda oração e de muita e íntima ligação com o Senhor no seu dia a dia”.
Da Madeira veio também o presidente da Assembleia Regional, José Manuel Rodrigues, que disse olha com “grande orgulho” para a ordenação episcopal de D. Rui Gouveia, destacando que representa “para uma pequena ilha como a Madeira a afirmação da própria região no exterior, neste caso através da Igreja Católica”.
“Nos últimos tempos, felizmente, Deus tem deparado à Madeira testemunhos da mensagem cristã. O cardeal Tolentino, D. Jorge Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, agora o bispo auxiliar de Lisboa, D. Rui, e, portanto, é com muito orgulho que vim aqui representar a região autónoma da Madeira nesta ordenação episcopal do D. Rui, esperando que tenha grandes venturas na sua missão ao serviço da Igreja Católica”, expressou.
![]() Com a ordenação de D. Rui Gouveia, a equipa episcopal do Patriarcado de Lisboa fica completa, sendo esta “mais uma condição que está preenchida para o caminho de realização da santidade”, diz o patriarca de Lisboa. “Lisboa está numa vitalidade muito grande, graças a Deus, as comunidades estão mobilizadas, o jubileu veio como uma bênção, como a chuva que cai do céu em tempo de seca, e a presença, portanto, dos bispos, dos pastores, é fundamental, é importantíssima para que esse caminho, sobretudo a uma certa velocidade, se concretize”, indicou, em declarações aos jornalistas no final da Eucaristia. Além de D. Rui Valério, a equipa episcopal é formada por D. Nuno Isidro, D. Alexandre Palma, ordenados bispos a 21 de julho de 2024, sendo D. Rui Gouveia o elemento mais recente. “A complementaridade aqui ela deriva sobretudo pelo facto de que cada um de nós, dos quatro, portanto, sermos portadores de uma experiência própria de vida, que curiosamente não se repete de um para os outros”, ressalta o patriarca de Lisboa. Segundo D. Rui Valério, cada um dos bispos tem “sensibilidades, experiências de vida diferentes, perspetivas pastorais em que já esteve envolvido também muito diversas”, permitindo um enriquecimento em resposta daquilo que hoje é a “fome genuína” das pessoas. “Fome de Deus, fome de palavra, fome de sentido de vida, fome de proximidade e nós quatro refletimos muito na concretização da resposta de todas estas necessidades”, sublinhou. |
LJ/OC