«Não coloquemos obstáculos psicológicos e, às vezes, burocráticos para o acesso aos cuidados paliativos» – Padre Fernando Soares
Lisboa, 08 out 2025 (Ecclesia) – A equipa Intra-Hospitalar de Cuidados Paliativos da Unidade Local de Saúde Santa Maria (ULSSM), em Lisboa, que inclui o assistente espiritual e religioso, promove uma caminhada de “sensibilização”, este sábado, 11 de outubro, no Estádio Universitário.
“Quanto mais precocemente for envolvida uma equipa de cuidados paliativos, mais global e mais integral serão os cuidados de acompanhamento àquela pessoa. Porque os cuidados específicos, altamente especializados, põem nas necessidades do doente. Às vezes, quando já não há perspetiva da cura pode haver a sensação de que se desiste daquela pessoa”, disse o padre Fernando Soares (Vicentino), esta quarta-feira, dia 8 de outubro, em entrevista à Agência ECCLESIA.
O sacerdote, assistente espiritual e religioso na Unidade Local de Saúde de Santa Maria, em Lisboa, destaca que quando se diz ‘já não há mais nada a fazer’, “há muito a cuidar”, e focados nas necessidades globais da pessoa, todas as dimensões são avaliadas “para serem verdadeiramente acompanhadas à pessoa”.
A equipa Intra-Hospitalar de Cuidados Paliativos da Unidade Local de Saúde Santa Maria, que já tem 19 anos, é constituída por médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, e inclui o assistente espiritual.
“Os cuidados paliativos têm exatamente este olhar sobre a pessoa doente, um olhar global, holístico. E todas as dimensões, não só a dimensão física, das várias especialidades médicas, mas também a dimensão espiritual e religiosa, quando tem uma fé definida. E como há esta sensibilidade para o cuidado com a dimensão espiritual, também o assistente espiritual é chamado para acompanhar, sempre que é solicitado”, desenvolveu o padre Fernando Soares.
Segundo dados da Associação de Cuidados Paliativos, divulgados em fevereiro deste ano, mais de 70% dos doentes não têm acesso aos cuidados paliativos em tempo útil, e no caso das crianças essa percentagem é de 90%, o padre Fernando Soares observa que, muitas vezes, se “pode pensar que os cuidados paliativos não se dirigem à pediatria”.

“O cuidado é a dimensão fundamental dos cuidados paliativos: Cuidar da pessoa, da pessoa toda, a sua família, as necessidades mais prementes. E, quando uma criança, por exemplo, não tem a cura como perspetiva, tem muito a ser o cuidado. À criança, à família, às grandes necessidades que isso apresenta”, acrescentou.
A equipa Intra-Hospitalar de Cuidados Paliativos da Unidade Local de Saúde Santa Maria (ULSSM), em Lisboa, vai promover uma caminhada, de cerca de 3 quilómetros, este sábado, 11 de outubro, no Dia Mundial dos Cuidados Paliativos 2025, a partir das 09h00, no Estado Universitário.
O padre Fernando Soares explica que esta caminhada, que se destina a todos os profissionais de saúde da ULSSM é uma forma de se concentrarem, “em primeiro lugar, como unidade local”, como profissionais de saúde para a sensibilização para os cuidados de saúde, e para a “divulgação do trabalho” dessa equipa interdisciplinar, para a sociedade civil, e passa também por “uma promoção social e civil” para apelar que nas entidades exista “uma cultura da vida para abordar a partir dos cuidados paliativos, que é sempre a vida e a pessoa que está em casa”.
“Não coloquemos obstáculos psicológicos e até, às vezes, burocráticos para o acesso aos cuidados paliativos. Essa é a mensagem fundamental.”
As comemorações do Dia Mundial dos Cuidados Paliativos acontecem, subordinadas ao lema internacional do ano de 2025 – ‘Cumprir a Promessa: Acesso Universal aos Cuidados Paliativos’ – e pretendem incentivar “a Integração Plena dos Cuidados Paliativos nos Sistemas de Saúde nos Próximos cinco anos, com vista a permitir o acesso universal aos Cuidados Paliativos no Serviço Nacional de Saúde”.
PR/CB/OC
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